Governo grego anuncia operação para esvaziar Idomeni
O campo que os refugiados improvisaram junto à fronteira com a Macedónia alberga, em condições indignas, 8700 pessoas.
O Governo grego anunciou esta segunda-feira o encerramento do campo improvisado de Idomeni, na fronteira com a Macedónia, que desde Março, quando foi encerrada a chamada rota das Balcãs, acolhe milhares de refugiados que tinham como objectivo chegar ao Norte da Europa.
A ordem para o esvaziamento deste acampamento que acolhe 8700 pessoas e foi criado pelos próprios refugiados deverá ser dada na terça-feira, avança a AFP, que cita o porta-voz do serviço de coordenação da resposta à crise de refugiados da Grécia, Giorgos Kyritsis. As autoridades têm, porém, falado em quarta-feira.
Citado pela agência noticiosa grega Ana, Kyritsis explicou que não se assistirá a "uma carga policial num lugar onde vivem dezenas de famílias". Estima que a evacuação do recinto possa demorar cerca de dez dias - porém, a operação foi facilitada com o deslocamento forçado de seis mil pessoas em direcção a centros de acolhimento no Norte da Grécia.
"Saudamos todas as iniciativas das autoridades gregas" para esvaziar o campo, comentou em Bruxelas o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, que é grego.
Reforços policiais estavam a caminho de Idomeni esta segunda-feira, entre eles cerca de cem polícias antimotim, segundo a Ana. Os controlos junto das estradas também foram reforçados e os que foram chegando foram impedidos de se instalar, constatou a AFP.
"Haverá uma presença policial e seremos persuasivos, mas o uso da força em larga escala não está previsto", disse à AFP uma fonte governamental.
As autoridades contam que os refugiados colaborem nesta operação, sobretudo porque estes estão cansados de ali permanecer, quando não há perspectiva de reabertura da fronteira do lado da Macedónia e porque a sobrevivência em Idomeni é muitro difícil, uma vez que o local está mal equipado e é pouco seguro.
Nos últimos 15 dias, 2500 pessoas aceitaram partir - esperam as autoridades que seis mil aceitem aquilo a que uma fonte policial chamou de "evacuação pacífica".
Alguns vão resistir. Ahmed, um sírio de 35 anos de Hama, disse à AFP que não irá abandonar o campo de Idomeni, apesar de ter ouvido falar "numa operação policial". "Eu e a minha mulher decidimos ir a pé para a Alemanha e não queremos ir para um campo do exército. O que é que nos podem fazer? Matar-nos a tiro?", pergunta.
O Governo grego está a ser pressionado de muitas direcções para esvaziar o campo de Idomeni: da parte dos agricultores gregos e da parte da Macedónia que quer restabelecer a normalidade nas passagens na fronteira. Os incidentes entre refugiados e a polícia sucedem-se. Em Abril, depois de uma tentativa de passagem à força, cerca de 260 refugiados ficaram feridos, vítimas do uso excessivo de gás lacrimogéneo e das balas de borracha da polícia macedónia.
As organizações humanitárias também fizeram várias denuncias sobre as condições de vida indignas em Idomeni — que ameaçam a saúde e a segurança desta população bloqueada.
No campo de Idomeni há sírios e iraquianos — elegíveis para serem recolocados em países da União Europeia apesar de esta ainda não ter conseguido realizar a operação de redistribuição das primeiras 60 mil pessoas — mas também magrebinos que podem ser expulsos, ou afegãos e iranianos, a quem só está a ser oferecida a fórmula normal de pedido de asilo.