Consumo de electricidade foi assegurado durante quatro dias por fontes renováveis

Números são da associação ambientalista Zero e representam um recorde neste século.

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O recorde de 107 horas seguidas a depender apenas de renováveis foi atingido na última semana Manuel Roberto

O consumo de electricidade em Portugal foi totalmente assegurado durante mais de quatro dias seguidos por fontes renováveis, atingindo um "recorde nacional" neste século, anunciou neste domingo a associação ambientalista Zero.

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, em colaboração com a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), analisou os dados da Rede Eléctrica Nacional (REN), tendo concluído que na última semana "se atingiu um recorde muito importante neste século".

Segundo os ambientalistas, o consumo de electricidade foi "assegurado integralmente" por fontes renováveis, entre as 6h45 do dia 7 de Maio e as 17h45 da passada quarta-feira, correspondendo a um total de 107 horas seguidas.

Durante este período, explicam em comunicado, "não foi preciso recorrer a nenhuma fonte de produção de electricidade não renovável, em particular à produção em centrais térmicas a carvão ou a gás natural".

A Zero adianta que as fontes de produção de electricidade renovável e a capacidade de gestão da rede eléctrica portuguesa "ultrapassaram uma difícil prova num contexto de diminutas interligações, principalmente entre Espanha e França", conseguindo que as necessidades do consumo do país tivessem sido asseguradas a 100% a partir de fontes de produção de origem renovável.

Conseguiram ainda exportar uma percentagem significativa de electricidade, quer de origem exclusivamente renovável, quer complementada nalguns casos por fontes não renováveis.

"Se chuva e vento permitem estes recordes na Primavera, torna-se imperioso fomentar e avaliar as mais-valias do aproveitamento da energia do sol e, assim, assegurar que no Verão também venhamos a ter contribuições significativas de fontes de energia não emissoras de gases poluentes", defendem os ambientalistas.

Para a associação, estes dados mostram que "Portugal pode ser mais ambicioso" numa transição para um consumo líquido de energia eléctrica 100% renovável, com enormes reduções das emissões de gases com efeito de estufa, causadoras do aquecimento global e consequentes alterações climáticas.

Um maior uso da electricidade como energia final, tendo por base um incentivo que deve ser dado à mobilidade eléctrica (os transportes são o principal sector responsável pelas emissões portuguesas), é igualmente uma variável fundamental na descarbonização da economia, salientam os ambientalistas.