A PIDE, o regresso da ópera com Luis Miguel Cintra e, depois, o Verão da RTP2
Meio milhão de euros para a grelha “mais ligeira” com Jogos Olímpicos, séries europeias e documentários. Na ópera, além da ida ao São Carlos, no Outono chega La Traviata de Sofia Coppola e Valentino.
“Há cinco anos que não gravávamos ópera”, diz ao PÚBLICO Teresa Paixão, directora de programas da RTP2 no dia em que apresentou a nova imagem e o Verão do canal. Dialogues des Carmélites, encenada por Luis Miguel Cintra, é ainda para o mês de Maio, no qual também se contará A História da PIDE no segundo canal da estação pública. O Verão vai ter notícias mais tarde, séries europeias, os Jogos Olímpicos e documentários que vão de Bergman a Givenchy num pacote que custará 500 mil euros.
No dia 15 regressa então a ópera “portuguesa” à RTP2, a obra de Poulenc que em Fevereiro se estreou no Teatro Nacional São Carlos; o objectivo é “reforçar um género que parecia arredado da televisão generalista”, explica Teresa Paixão, “porque a ópera é algo muito difícil de ver num país que tem apenas dois teatros e também uma produção, pelo seu custo, que não é abundante”.
A aposta na música erudita vai estender-se ao resto do ano - “estamos a comprar no mercado internacional” e a “aderir a transmissões da [rede] Eurovisão”, diz, através da qual chega La Traviata produzida por Sofia Coppola e pelo criador de moda italiano Valentino, que também assina o guarda-roupa. A ópera de Verdi estreia-se dia 24 na Ópera de Roma e, tida como um importante momento da sua revitalização, será exibida na RTP2 depois do Verão. Há ainda planos para voltar a gravar no São Carlos em Outubro.
Luis Miguel Cintra ensina-nos a morrer
Já no final deste mês, dia 29 e dia em que se assinalam os 90 anos do começo do Estado Novo, Jacinto Godinho continua a contar histórias da polícia política portuguesa. Depois de Os Últimos Dias da PIDE (2015), o jornalista e professor recua agora à sua fundação em A História da PIDE, uma série documental de nove episódios no horário nobre do segundo canal.
Mas é em Junho que o Verão começa e é um Verão que vai custar ao segundo canal “meio milhão de euros”, diz Teresa Paixão, um valor “irrisório para a Europa”, compara, e superior ao investido em anos anteriores. Lembra o caso de 2014, em que o Verão foi “todo de graça, só com repetições e 10 ou 15 mil euros gastos com os direitos do Tour de France”. Os Jogos Olímpicos representam uma fatia dos gastos de 2016, embora apenas 10% do gasto pela RTP1, quantifica, que transmitirá as modalidades principais.
Teresa Paixão está há pouco mais de um ano na direcção de programação da RTP2, onde já trabalhava com o seu antecessor no cargo, Elísio Oliveira. “Gostaríamos que mais pessoas gostassem de ver o que é diferente”, reconhece, “mas isso é um trabalho de fundo”. Está satisfeita com os resultados de apostas como a dos documentários que decidiram, há seis meses, exibir das 11h às 13h enquanto no resto dos generalistas passam talk shows populares. “Começámos com 0,5% de share e agora temos 2,5% ou 3%”.
O canal público vai acompanhar o horário de Verão, encurtando e atrasando o Jornal 2, que passa a ir para o ar com cerca de 30 minutos às 21h30 a partir de 11 de Julho. Depois, chegam as séries e os documentários, escolhidos para ir ao encontro de “um tom mais ligeiro, uma cultura de salão”, diz Paixão. A 22 de Junho começa Paraíso, série da BBC sobre o aparecimento dos grandes armazéns de pronto-a-vestir no Reino Unido com base no romance Au Bonheur des Dames de Émile Zola, seguindo-se a 4 de Julho Paris, série francesa de seis episódios do ponto de vista de diferentes personagens. Palácio, da ITV, sobre as lutas de poder na monarquia contemporânea, estreia-se dia 12. Haverá ainda um ciclo de cinema dedicado aos amores de Verão.
No terreno documental, destaca-se Invadindo Bergman (Trespassing Bergman, 2013), que a 11 de Julho põe Michael Haneke, Woody Allen, Scorsese, John Landis, Lars von Trier, Alejandro G. Iñárritu, Claire Denis, Wes Craven, Takeshi Kitano ou Zhang Yimou a viajar pela casa do cineasta sueco ou a falar sobre ele à medida que vasculham a sua colecção de filmes (de A Pianista a Assalto ao Arranha-Céus), reverenciam a casa do mestre (Denis, Iñárritu) ou criticam o seu trabalho (Lars von Trier).
Hubert de Givenchy (4/7), um documentário sobre Winston Churchill, outros sobre as varinas ou o azeite. Portugueses em Hamburgo sobre os estivadores naquela cidade alemã e A Escolha Impossível, sobre a emigração portuguesa em Paris. A série Cara a Cara (Face to Face), que opõe duas figuras do mesmo universo, ou um mergulho na Volta à França. Assim será o Verão de documentários da RTP2, que começa logo em Junho – em Maio há ainda Júlia, premiado no festival Queer em 2014 - e que terá em Agosto, mês de “modalidades mais artísticas e minoritárias” dos Jogos Olímpicos na RTP2, como descreve Teresa Paixão, um outro título documental: Nadia Comaneci, dedicado à ginasta romena no ano em que, pela primeira vez desde 1968, a Roménia não terá uma equipa feminina nos Jogos Olímpicos.