Associações esperam mais de 5000 taxistas a protestar em todo o país

Será o maior protesto de sempre no sector e contará com três marchas lentas marcadas para esta sexta-feira em Lisboa, Porto e Faro.

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Taxistas queixam-se da concorrência da Uber Manuel Gomes

O maior protesto de sempre de taxistas em Portugal, com mais de 5000 táxis a participar nas três marchas lentas marcadas para esta sexta-feira em Lisboa, Porto e Faro. É esta a expectativa das duas entidades que organizam o protesto contra a Uber, a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros — Antral e a Federação Portuguesa do Táxi (FPT).

A PSP prevê, por isso, um trânsito caótico nas três cidades pelo menos durante a parte da manhã, quando estão previstas as marchas, aconselhando o recurso a transportes públicos como o metro e o comboio.

As associações reconhecem que a indignação dos motoristas é grande e que os ânimos andam exaltados. Por isso, os organizadores decidiram criar em Lisboa e no Porto um corpo de taxistas que irá acompanhar os colegas e tentar manter o protesto de forma ordeira, evitando qualquer tipo de descontrolo por parte dos manifestantes.

Segundo o presidente da Antral, Florêncio Almeida, em Lisboa, foram criados dez pequenos grupos de taxistas, cada um com quatro elementos, que irão estar distribuídos entre a cabeça e o fim da marcha. No Porto, haverá uma estrutura semelhante, mas mais pequena. Estes taxistas tiveram várias reuniões para afinar a forma de proceder nas várias situações que se adivinham. Tanto a Antral como a Federação Portuguesa do Táxi sustentam que nos últimos dias tentaram passar mensagens que demovam os associados de tomar posições mais radicais, que possam incendiar os ânimos. “Se virem um colega a trabalhar aplaudam, porque para estar a trabalhar o colega deve precisar muito do dinheiro”, exemplifica Florêncio Almeida.

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As duas associações têm tentado nos últimos dias recolher o maior número de apoios e nesta sexta-feira uma delegação de taxistas será recebida pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e outra pelo presidente da Câmara de Faro, adianta o presidente da FPT, Carlos Ramos. Igualmente prevista está uma recepção da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, que por volta da hora do almoço irá receber os dirigentes da Antral e da FPT, nas escadas do Parlamento. Florêncio Almeida espera ainda ser recebido pelo presidente da Assembleia da República e, no Parlamento, pelo presidente da Comissão de Obras Públicas, Transportes e Comunicações.

Histórias de condutores da Uber

Nesta quinta-feira, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, falou com Carlos Ramos, mostrando-lhe a sua preocupação com o desfecho dos protesto e manifestando abertura para continuar a dialogar. Também a Antral foi contacta pelo Governo, desta vez, através de um ofício, cujo conteúdo Florêncio Almeida não quis revelar.

Os taxistas consideram que os motoristas da Uber transportam ilegalmente passageiros, porque apesar de prestarem o mesmo tipo de serviço que os taxistas não cumprem as regras exigidas a estes. Não têm de realizar exames físicos e mentais, nem são obrigados a fazer formação nem a realizar exames para obter a certificação de motorista de táxis.Por isso, as associações de taxistas já sublinharam que vão avançar com uma acção junto dos tribunais que visa pedir um indemnização à Uber e “aos políticos que nada têm feito para parar a actividade ilegal” da plataforma de transportes.

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Centenas de agentes patrulham o protesto

O protesto desta sexta-feira foi preparado directamente com a PSP, que, só na capital, terá um dispositivo de “algumas centenas de agentes” na rua, explica ao PÚBLICO o subcomissário Hugo Abreu, porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. “Serão sobretudo elementos da Divisão de Trânsito, mas também profissionais das divisões atravessadas pelo protesto”, precisa Hugo Abreu, que apela aos cidadãos para a usarem os transportes públicos, de preferência o metro e o comboio.

Esta é o segundo protesto nacional de taxistas em pouco mais de seis meses, tendo o anterior, em Setembro do ano passado, reunido cerca de 3000 táxis em Lisboa, à volta de 800 no Porto e 150 em Faro. Esta acção de contestação foi organizada apenas pela Antral e na altura já foi considerada a maior de sempre na capital. “Desta vez acredito que vamos ter entre 3000 e 4000 táxis só em Lisboa”, estima Florêncio Almeida. No Porto são esperados cerca de 1000 e 2000 táxis e em Faro espera-se ultrapassar a fasquia dos 500.

Numa resposta a este protesto, a Uber enviou na quinta-feira uma mensagem aos clientes onde os avisa que devido ao protesto dos taxistas “o acréscimo de pedidos de viagens Uber e as dificuldades de circulação nas cidades poderão limitar a disponibilidade de veículos em certos períodos”. Refere ainda que “para garantir a segurança e rapidez das suas viagens recomendamos que, sempre que possível, procure locais de partida e destino alternativos aos afectados pela paralisação”. Também os condutores foram avisados dos protestos e aconselhados a tomarem algumas medidas preventivas. A Uber pôs ainda em funcionamento uma linha especial de apoio aos motoristas que trabalham consigo. 

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