António Domingues é o novo presidente da CGD
Vice-presidente do BPI é o nome escolhido pelo Governo para substituir José de Matos na liderança do banco público.
António Domingues, que nos últimos 20 anos fez parte do conselho de administração do BPI, vai ser o próximo presidente da Caixa Geral de Depósitos.
A escolha do Governo para a liderança do banco público foi noticiada inicialmente pelo Expresso e resolve a indefinição existente desde que José de Matos terminou o seu mandato à frente da CGD no final do ano passado.
António Domingues ocupa actualmente a vice-presidência na Comissão Executiva do BPI e é vogal no Conselho de Administração, tendo sido ao longo dos anos várias vezes apontado como um potencial sucessor de Fernando Ulrich à frente do banco.
Depois de passagens pelo Banco de Portugal e pelo Banco de Português do Atlântico, o economista, de 59 anos, assumiu um papel preponderante no BPI durante as últimas duas décadas. É neste momento um dos mais antigos membros do Conselho de Administração do banco, órgão para o qual foi nomeado pela primeira vez em 1996.
Como braço direito de Fernando Ulrich na comissão executiva do BPI, tinha a seu cargo pelouros cruciais como o financeiro, jurídico, auditoria e inspecção, relações com os investidores e sector empresarial do Estado.
António Domingues sai do BPI depois de anunciada a conclusão de um difícil processo de reestruturação accionista no banco privado, envolvendo o Caixabank e Isabel dos Santos, e cujo principal objectivo é o de cumprir a exigência do Banco Central Europeu de redução da exposição da instituição financeira a Angola - neste sábado Isabel dos Santos veio dizer que ainda há "elementos pendentes" para fechar o acordo.
A entrada na CGD deverá ocorrer durante o mês de Maio.
O Governo já deu conta da sua decisão tanto internamente como no exterior. De acordo com o Jornal de Negócios, o Banco Central Europeu, que é a entidade que tem a responsabilidade de supervisão da CGD, já recebeu do executivo a indicação de qual o nome escolhido. E, segundo a TSF, o PSD também já foi informado sobre a opção tomada para a liderança do banco público.
Para a escolha da nova equipa de gestão da CGD, o Governo decidiu criar em Março uma comissão de avaliação do processo, constituída pelo ex-ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos, para além de Vasco D’Orey e Miguel Pina e Cunha. Foi a partir desse momento que começaram os contactos para o preenchimento do lugar vago. Nas últimas semanas, foram referidos na imprensa também como potenciais candidatos os nomes do presidente da CMVM, Carlos Tavares, e do ex-ministro da Saúde Paulo Macedo, informações nunca confirmadas.
São vários os desafios que António Domingues enfrenta ao assumir a presidência da CGD. E o principal está relacionado com a forma como o único accionista do banco irá garantir que este fica adequadamente capitalizado. Neste momento, a CGD ainda não amortizou junto do Estado os 900 milhões de euros de obrigações convertíveis em capital emitidos nos últimos anos e precisa, de acordo com a generalidade das análises, de proceder a um reforço dos seus capitais, algo que o Estado português ainda terá de acertar com Bruxelas.
É considerado também muito provável que a CGD tenha de proceder a uma reestruturação, que implique uma diminuição das operações em que está envolvida.