“Isto é um crime” e um “ataque contra o Panamá”. Foi assim que Ramon Fonseca Mora, um dos fundadores do escritório de advogados Mossack Fonseca, reagiu à divulgação dos chamados Panama Papers, um espólio de mais de 11 milhões de documentos deste escritório de advogados que mostram como líderes mundiais, e não só, escondem dinheiro em offshores.

“Isto é um ataque contra o Panamá, porque muitos países não apreciam que sejamos competitivos na atracção de empresas”, disse à AFP Ramon Fonseca Mora.

“Há duas maneiras de ver o mundo: a primeira é ser competitivo; a segunda é criar impostos”, acrescentou o director da Mossack Fonseca, para quem “existe uma guerra entre os países abertos, como o Panamá, e os países que cobram cada vez mais impostos às suas empresas e cidadãos”.

À Reuters, Ramon Fonseca Mora disse ainda que a sua empresa está a ser alvo de uma “campanha internacional contra a privacidade”: “A privacidade é um direito humano sagrado, mas há pessoas no mundo que não o entendem.”

Fonseca, por outro lado, diz não ter responsabilidade no uso que são dados às empresas que ajudou a criar.

“Nós dedicamo-nos a criar estruturas legais que vendemos a intermediários, como bancos, advogados, contabilistas e fundos. E eles têm os seus clientes finais, que não sabemos quem são”, acrescentou.

Numa reacção publicada na íntegra pelo Guardian, a Mossack Fonseca recusa confirmar qualquer dos elementos que constam nos documentos, alegando o dever de confidencialidade, mas acaba por confirmar a veracidade dos mesmos. “Parece que tiveram acesso a documentos e informação tirada da nossa empresa e apresentaram-na e interpretaram-na fora do contexto”.

O Governo do Panamá, entretanto, disse no domingo que vai cooperar com quaisquer investigação judicial relacionada com estas revelações.

Quem a Mossack Fonseca?

Português envolvido em escândalo de offshores