Demolidor, o lado negro da Marvel

A segunda temporada da série estreia esta sexta-feira. Matt Murdock vai dividir protagonismo com o Justiceiro e Elektra. Falámos com os actores: Charlie Cox, Jon Bernthal e Élodie Yung.

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Matt Murdock é o Demolidor e Frank Castle é o Justiceiro Netflix
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Charlie Cox é o actor que dá vida ao super-herói Netflix
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Jon Bernthal chega à série do Netflix nesta segunda temporada Netflix
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Elodie Yung é Elektra, um antigo amor de Matt Netflix
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A actriz francesa não quer comparar a série com o filme Elektra Netflix
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Murdock com os seus pareceiros do escritório de advogados: Karen Page (Deborah Ann Woll) e Foggy Nelson (Elden Henson) Netflix
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A relação entre Matt e Karen ganha destaque nesta segunda temporada Netflix

Foi a primeira aposta do Netflix no universo dos super-heróis da Marvel. Uma aposta que para os fãs da gigante dos comics veio fazer justiça a um personagem icónico, depois de em 2003 o filme com Ben Affleck se ter revelado um fiasco de público e de crítica. A segunda temporada de Demolidor chega esta sexta-feira ao serviço de streaming. E se, no ano passado, vimos Matthew Murdock, o advogado também conhecido por Matt, que em criança ficou cego, tornar-se um herói de Hell’s Kitchen, agora vamos vê-lo lutar contra aquilo que conquistou. “Afinal, quem é um herói e quem tem o direito de decidir o que é um herói?” A pergunta é de Charlie Cox, o actor que dá vida ao Demolidor e que nos garante que nesta temporada a luta entre o bem e mal vai ser mais cinzenta, agora que teremos também o Justiceiro e a Elektra para nos baralhar.

É provavelmente o herói que mais porrada leva na televisão. O herói que nos deixa em suspenso a cada episódio. Sabemos que o protagonista e herói que dá nome à série não pode morrer, mas mesmo assim tememos a cada soco, a cada pontapé. Parece sempre que tudo vai acabar ali, apesar de não acabar. Ou não houvesse uma segunda temporada de Demolidor.

Quando, no ano passado, o Netflix nos deu esta série, a surpresa foi quase unânime de tão diferente de tudo o que a Marvel já havia feito. A crítica aplaudiu e o público – os fãs da banda-desenhada em especial – rejubilou. Entretanto, o serviço de streaming estreou Jessica Jones e ainda este ano estreará Luke Cage, numa aposta do Netflix que fechou um acordo milionário com a Marvel em 2013. Seguir-se-ão Iron Fist e The Defenders, ainda sem datas de estreia anunciadas.

Para o actor Jon Bernthal, que chega a Demolidor nesta segunda temporada, onde interpreta o anti-herói Frank Castle (o Justiceiro), o sucesso da série explica-se por não ser mais uma de muitas sobre super-heróis. “É uma série sobre um homem. É uma história. Aconteceu a mesma coisa quando começámos Walking Dead. Era uma série de zombies que foi elevada a outra coisa”, diz-nos à mesa com outros jornalistas europeus. “Dissemos: ‘Ok, vamos fazer uma série de zombies, mas vamos fazê-lo para o público de Mad Men, para o público de Breaking Bad’. E eu sinto que é isso que estão a fazer aqui”, continua, admitindo sentir-se nervoso por chegar a um projecto tão bem sucedido. “Estou a chegar a alguma coisa que está a funcionar e onde todos se conhecem e respeitam, tudo o que posso fazer é estragar tudo”, responde-nos em tom de brincadeira, sabendo que a sua prestação é um dos grandes destaques desta temporada.

O fracasso dos filmes

Na primeira temporada de Demolidor, o conflito media-se principalmente entre Murdock e Wilson Fisk, interpretado por Vincent D'Onofrio. Agora com Fisk afastado, o protagonismo divide-se. Murdock não está só em Hell’s Kitchen. Frank Castle está lá à procura de justiça – quer matar aqueles que mataram a sua mulher e os seus dois filhos –, mas não só. Também Elektra, um antigo amor de Murdock, aparece.

“A segunda temporada é notoriamente muito difícil. Há muitas coisas difíceis de acompanhar. Não conheces os personagens, não defines um tom, não defines as dinâmicas, as relações. E por isso o enredo tem de ser forte desde o início”, explica-nos Charlie Cox. “O que os argumentistas e criadores fizeram, que eu achei fantástico, é que viraram o lado da moeda: se na primeira temporada tudo se encaminhou lentamente para o encontro entre Matt e Fisk – não se encontram até ao oitavo episódio –, nesta temporada acontece exactamente o oposto e Matt e Frank lutam logo no primeiro episódio”, conta.

Há um ano, Cox ficou nervoso à espera da reacção do público. Desta vez está ainda mais apreensivo. “Quando percebi a aceitação da série, houve um período de tempo em que me senti um tanto aliviado e entusiasmado mas não durou muito, porque soube que íamos fazer uma nova temporada e imediatamente pensei: ‘Oh merda, como é que vamos superar isto?”

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A reacção dos fãs é algo que Bernthal diz ter em mente. “Sinto uma responsabilidade enorme”, admite. “Quando lês os livros, a forma como pegas em cada prancha é usando a tua própria imaginação e isso faz com que exista uma relação pessoal entre o público e a arte. É uma grande pressão e eu só espero que as pessoas acreditem, espero que a minha interpretação as afecte.”

Já actriz Élodie Yung desvaloriza a pressão. “Estava nervosa no início porque achei que a Marvel me diria o que tinha de fazer, como fazer e na verdade foi exactamente o oposto. Foi: aí estão as tuas ferramentas, diverte-te”, conta-nos a actriz que dá vida a Elektra. “Estas pessoas permitem-te que te exprimas e que cries”, acrescenta. “Tenho muita sorte por fazer parte de uma série que quase não tem fronteiras. Eles só querem contar a história da forma que acham a melhor.”

Yung não quer fazer comparações com o filme de 2005, com Jennifer Garner, que, à semelhança do que já tinha acontecido com Demolidor – O Homem Sem Medo, ficou aquém das expectativas, embora perceba que as comparações sejam feitas. Mas garante: “Mantivemos a essência dos comics. Na banda desenhada a história entre Elektra e o Demolidor é muito bonita e tentámos manter isso”.

Quando no ano passado falámos com Steven S. DeKnight, produtor-executivo, que entretanto saiu do projecto, este explicava-nos que a série era tão diferente dos filmes porque a Marvel finalmente perdia o medo de nos dar um lado mais negro do seu universo. A banda desenhada de Frank Miller é sombria, obscura, tal como agora estas séries do Neflix. Isso e a possibilidade de contar a história em 13 episódios. “No fundo, é um filme de 13 horas.” Agora 26.

O PÚBLICO viajou a convite do Netflix

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