Capturados quatro suspeitos de planearem ataque iminente em Paris

Autoridades francesas consideram-nos islamistas radicais preparados para atacar em breve o coração da capital. Em Bruxelas prossegue a caça aos dois presumíveis jihadistas em fuga.

Foto
AFP

As autoridades francesas capturaram esta quarta-feira quatro suspeitos de estarem a planear um ataque terrorista no coração de Paris, segundo avança a emissora TF1. Os sujeitos detidos — três homens e uma mulher — eram conhecidos pelos serviços antiterrorismo franceses como islamistas radicais, mas as autoridades parecem particularmente interessadas na captura de um indivíduo identificado como Youssef E., “um islamista já bem conhecido”.

Os quatro estariam a preparar-se para executar em breve um atentado em Paris, embora as autoridades tenham encontrado esta quarta-feira apenas um cartucho de munições para uma espingarda automática Kalashnikov — não a própria arma. Em todo o caso, o directorado francês de segurança interna diz tratarem-se de “uma ameaça séria”. Foi também apreendido material informático e uma caixa-forte. 

Investigadores e responsáveis governamentais evitaram dar detalhes sobre as detenções. O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, apelou "à prudência" e mencionou a captura de "um indivíduo" que preparava "acções violentas em França". O Presidente, François Hollande, referiu-se à operação como prova de que a ameaça terrorista é ainda "muito elevada": "Pudemos vê-lo nas últimas horas em Bruxelas. Pudemos vê-lo com estas detenções. Devemos manter a maior vigilância."

As capturas foram executadas ao amanhecer no 18º bairro de Paris e em Saint-Denis, o primeiro um dos locais onde se deram os atentados de Novembro e o segundo o bairro onde, passadas horas de tiroteio, acabou abatido o cérebro dos ataques. O principal alvo das operações, Youssef E., foi condenado a cinco anos de prisão em 2014, depois de ter sido capturado com outros dois cúmplices quando tentavam viajar para a Síria, presumivelmente para combater no grupo Estado Islâmico. Foi libertado dois anos depois e estava desde o final de Fevereiro em prisão domiciliária — decretada no âmbito do Estado de Emergência.

Bélgica em alerta
Na vizinha Bélgica, as autoridades estavam ainda no rasto dos dois presumíveis jihadistas que na terça-feira fugiram entre os tiroteios da grande operação antiterrorismo no Sul de Bruxelas. A polícia deteve duas pessoas nas horas que se seguiram, mas acabou por libertá-las. A cidade está no seu segundo nível mais alto de segurança.

"Devemos ter em mente que o nível três não é um nível de alerta normal", declarou o primeiro-ministro belga, Charles Michel, dizendo que a capital deveria "manter-se calma e preservar o seu sangue-frio". 

Quatro agentes foram feridos e um atacante abatido no desenrolar de uma operação de busca a dois apartamentos na comuna de Forest. Quatro polícias belgas e dois franceses entraram numa casa na Rue du Dries que pensavam estar vazia para investigar uma possível ligação aos atentados de Novembro em Paris. Foram recebidos com tiros de uma arma automática Kalashnikov e uma espingarda.

Um agente foi atingido na orelha — foi erradamente avançado que se tratava de um ferido grave —, a pistola de coldre de um outro polícia travou uma bala e outros dois agentes acabaram feridos nos quatro tiroteios que se seguiram. Já todos tinham recebido alta esta quarta-feira. Um dos atacantes ficou barricado e dois outros fugiram pelas traseiras do edifício, que davam para uma zona aberta com acesso a vários quintais.

Numa conferência de imprensa durante a manhã, a polícia anunciou que o homem abatido fora identificado como Mohammed Belkaid, argelino de 35 anos que vivia ilegalmente no país. No local onde foi mortalmente atingido — por um atirador furtivo da polícia, no momento de tentar abrir fogo por uma janela do edifício onde se barricava — as autoridades encontraram uma espingarda automática Kalashnikov, munições e um manual salafista, uma escola com uma interpretação radical do Islão. No edifício encontraram também uma bandeira do grupo Estado Islâmico e uma outra espingarda automática num segundo apartamento. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários