Atentado em Ancara faz 34 mortos e dezenas de feridos
Carro-bomba explodiu em zona de grande movimentação de transportes públicos. Autoridades suspeitam de novo ataque executado por separatistas curdos.
A explosão de um carro-bomba numa zona de grande circulação de transportes públicos em Ancara fez 34 mortos e 125 feridos, segundo números revelados pelo Ministério da Saúde. Há 19 pessoas em estado crítico. O atentado acontece apenas dois dias depois de a embaixada dos Estados Unidos em Ancara ter alertado para a possibilidade de um atentado terrorista na mesma zona da explosão deste domingo.
O veículo detonou-se perto de dois autocarros que circulavam no parque Güven, local de várias paragens e de uma saída de metro. Há também edifícios do Governo e esquadras de polícia nas redondezas. O ataque aconteceu a poucos quarteirões do local onde, há menos de um mês, um pequeno grupo separatista curdo fez explodir outro carro-bomba, atingindo transportes militares e civis. Morreram 29 pessoas.
"A explosão aconteceu na Avenida Atatürk num local onde há dez estações de autocarro", escreveu a agência Haber Turk desde o local do atentado. "Presume-se que tenha sido um bombista suicida. Há um veículo quase completamente destruído. Há muitas pessoas feridas e carros em chamas."
Video of explosion in #Ankara, #Turkey.Casualties reported. pic.twitter.com/SPR1FNT3Vl
— ??????? ???????? (@miladvisor) March 13, 2016
A explosão ocorreu a quinze minutos das 17h — hora de Portugal continental — e foi captada por várias câmaras de vigilância. As gravações mostram dezenas de pessoas nas ruas e paragens, assim como aquilo que se presume ser o carro-bomba, abrandando perto de um autocarro antes de se detonar. O veículo ficou severamente destruído. Viajavam cerca de 20 pessoas no seu interior.
As autoridades dizem suspeitar de novo ataque de separatistas curdos. “De acordo com os achados iniciais, parece que este ataque foi conduzido pelo PKK ou por uma organização filiada”, adiantou um responsável da polícia à Reuters, referindo-se ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, organização separatista curda em guerra com o Governo. O Ministério do Interior disse estar pronto para revelar o nome da organização responsável já esta segunda-feira, dia em que antecipa encerrar a investigação ao atentado.
Já várias horas depois da explosão, um tribunal de Ancara ordenou a proibição de acesso às redes sociais Facebook e Twitter, onde se têm partilhado fotografias e vídeos do atentado. A Justiça turca teve uma resposta semelhante em Março do último ano, no caso de um procurador sequestrado e assassinado por militatantes de extrema-esquerda, argumentando então que o fecho das redes se justificava por estarem a ser usadas para circular mensagens propagandísticas.
É o terceiro atentado na capital desde que um bombista suicida do grupo Estado Islâmico matou 102 pessoas durante uma marcha de protesto. Este ataque tornou-se o mais sangrento na história da Turquia e foi inicialmente atribuído pelo Governo a uma aliança improvável de islamistas e separatistas — indicação de como o rasto curdo é muitas vezes usado com tons políticos.
A AFP escreve que o Presidente turco está certo de que o atentado deste domingo foi causado pelas milícias curdas na Síria, as chamadas YPG. As declarações de Recep Tayyip Erdogan, no entanto, devem ser tomadas com prudência: foi ele o mais notável defensor da teoria de que o grupo Estado Islâmico agiu em conluio com o PKK no ataque de Outubro.
O Governo turco, aliás, está actualmente em missão de descrédito das milícias YPG, com quem tem trocado disparos de artilharia na fronteira com a Síria e que apresenta publicamente como aliados dos separatistas do PKK. Foi a Turquia quem impediu que as milícias curdas participassem nas negociações desta segunda-feira em Genebra sobre a Síria, apesar de elas serem um dos actores mais importantes no conflito e controlarem uma parte importante do terreno no Norte do país.
Erdogan estava em Istambul no momento da explosão e anunciou o regresso à capital. Já o seu primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, decidiu reunir um gabinete de emergência ainda este domingo.