Aos 13 anos, quase um terço dos alunos portugueses já bebeu álcool
Inquérito aos alunos entre os 13 e os 18 anos é realizado de quatro em quatro anos. No geral, os consumos estão a descer, mas existem ainda percentagens muito elevadas de jovens com níveis de consumo muito altos, alerta o SICAD.
Cerca de um terço dos alunos portugueses de 13 anos já experimentou bebidas alcoólicas. Foi o que disseram 31% dos cerca de três mil alunos com aquela idade que foram inquiridos, em Maio de 2015, no âmbito do último Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e Outros Comportamentos Aditivos e Dependência (ECATAD_CAD). Em 2011, data do último estudo, eram 38% os que indicaram ter experimentado, pelo menos uma vez, bebidas alcoólicas.
A quarta edição deste estudo, realizado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), foi feita com base em inquéritos a 18 mil alunos entre os 13 e os 18 anos, realizados em Maio de 2015. Foram inquiridos cerca de três mil alunos por grupo etário. Apesar de ser quase óbvio que a percentagem de consumidores aumente com a idade, o aumento que se regista em Portugal merece nota negativa, com o SICAD a destacar que existe uma “acentuada progressão dos níveis de consumo ao longo das idades”, que se verifica também noutras substâncias.
Aos 18 anos, por exemplo, a quase totalidade dos alunos portugueses já experimentou bebidas alcoólicas, pelo menos uma vez. Esta era a situação de 91% dos alunos inquiridos e mais de metade (68%) tinha bebido nos últimos 30 dias antes do inquérito, um indicador que os coloca no grupo de “consumidores actuais”.
Em 2011 estes valores eram, respectivamente de 91% e 70,3%. Ou seja, nãos e registou uma alteração significativa nos padrões de comportamento entre os alunos mais velhos: há uma tendência de estabilidade nos 17 e 18 anos, embora nos outros grupos etários o consumo de álcool tenha diminuído, destaca o SICAD.
Embriaguez continua preocupante
Preocupante, segundo a coordenadora do estudo, Fernanda Feijão, é o facto de se continuarem a registar percentagens “muito elevadas” de adolescentes com níveis de consumo muito elevados e “portanto passíveis de causar danos reais”.
É o que se passa, por exemplo, com a embriaguez. A percentagem de alunos que se embriagaram nos últimos trinta dias antes do inquérito varia entre os 2% aos 13 anos e os 22% aos 18 anos. Quando se alarga o período de tempo para um ano os valores sobem, respectivamente, de 3% para 43%.
Entre os mais novos (13 anos), as raparigas batem os rapazes nesta experiência: 2% já se tinham embriagado no mês anterior ao inquérito, um valor que desce para 0,8% entre os elementos do sexo masculino. Aos 18 anos, a situação inverte-se: entre as raparigas, 19% afirmaram ter-se embriagado nos últimos 30 dias, enquanto entre eles este valor foi de 26%.
As raparigas estão também mais representadas, no que toca aos chamados consumos actuais (últimos 30 dias antes do inquérito,) entre os que consomem bebidas destiladas aos 13 e 14 anos e tabaco entre os 13 e os 16 anos. Também há mais raparigas do que rapazes a tomar tranquilizantes ou sedativos.
Cannabis é a mais consumida
Já quanto ao consumo de drogas, a cannabis continua a ser a substância mais consumida entre os 13 e os 18 anos, com 17% dos alunos a assumirem que já experimentaram, pelo menos uma vez, enquanto no que respeita a outras drogas, como o ectasy, anfetaminas, cocaína ou heroína, este valor desce para os 5%. Neste conjunto de drogas, a heroína é a menos representada (1%) e as anfetaminas, onde se inclui o ectasy, são as que têm mais consumidores (3%).
Por comparação a 2011, regista-se uma “tendência de diminuição” entre os 14 e os 16 anos nos que afirmam já ter experimentado drogas e um aumento no grupo dos 18 anos, onde a percentagem dos que dizem já ter consumido passou de 30% para 35%.
Os valores dos inquéritos realizados em 2015 mostram que as metas estabelecidas para 2016 no Plano Nacional para a Redução dos Comportamento Aditivos e Dependências já tinham sido alcançadas. Por exemplo, no que respeita à embriaguez a meta definida foi a de atingir o valor de 26% quanto aos jovens que dizem ter-se embriagado recentemente e o valor obtido em 2015 foi de 22%, O SICAD frisa, contudo, que “persistem níveis preocupantes de consumo de várias substâncias para muitos alunos nos diversos grupos etários, que exigem a continuação do empenho de todos”.
Este estudo faz parte de um inquérito europeu que é realizado de quatro em quatro anos para aferir o nível de dependências dos jovens aos 16 anos. A partir de 2003, Portugal optou por alargar a amostra a outros grupos etários, passando a abranger os alunos entre os 13 e os 18 anos.
Os resultados do inquérito europeu serão conhecidos em Setembro.