Presidente do Eurogrupo afirma existirem "preocupações graves" com Portugal

Jeroen Dijsselbloem elogiou "discussões intensas" entre Lisboa e Bruxelas, mas lembrou que é preciso "fazer mais" para cumprir as regras orçamentais europeias.

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Jeroem Dijsselbloem está preocupado com a capacidade de Portugal para manter o acesso ao mercado

O presidente do Eurogrupo afirmou esta quinta-feira existirem "preocupações graves" com Portugal, ao recordar a última previsão económica de Inverno e o facto de o país necessitar do acesso aos mercados.

Em audiência no Parlamento Europeu, em Bruxelas, Jeroen Dijsselbloem, afirmou que "existem preocupações graves", reportando-se às previsões de Inverno sobre Portugal, que tiveram por base o esboço de Orçamento do Estado para 2016 (OE2016) apresentado a 22 de Janeiro, antes das alterações e da aprovação da Comissão Europeia.

"Se olharmos para a última previsão de Inverno, também para Portugal, existe uma razão para essa preocupação e como sabem Portugal saiu do programa (de resgate) sem quaisquer garantias em termos de linhas de crédito", disse Dijsselbloem, para referir ser "crucial" que o país "se mantenha independente do ponto de vista financeiro e isso exige que tenha acesso aos mercados".

"O Governo está consciente da situação, manifestou o seu empenho forte e sincero para cumprir o pacto", afirmou. 

Acerca da entrega do documento orçamental, Dijsselbloem admitiu ter "obviamente chegado tarde, por razões que são compreensíveis", numa referência ao processo de formação do novo executivo, na sequência das eleições legislativas de outubro.

O responsável recordou ainda o processo de "discussões intensas" entre Lisboa e a Comissão Europeia devido ao "hiato demasiado grande sobre onde estava o Orçamento e onde deveria estar o Orçamento". "A Comissão fez bem, manifestou as suas preocupações e disse às autoridades portuguesas que deviam fazer mais para estarem de acordo com o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) e também, o que é talvez ainda mais preocupante, que Portugal mantinha o acesso aos mercados", referiu.

Dijsselbloem recordou que o assunto português, e de outros países em risco de não cumprirem o PEC, será reanalisado na primavera, aquando das novas previsões económicas.