Jardim de Santos vai ser vedado para impedir acesso à noite

“Não tenho outra solução. Preciso de defender o jardim das investidas nocturnas”, argumenta o presidente da Junta de Freguesia da Estrela. Em 2014, a Assembleia Municipal de Lisboa chumbou uma recomendação no mesmo sentido.

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A petição, subscrita por 256 pessoas, diz que o jardim conhecido como Jardim de Santos “encontra-se a um passo da sua iminente destruição” Guilherme Marques

A Câmara de Lisboa vai construir um gradeamento em torno do Jardim de Santos, que passará a estar encerrado durante a noite. O presidente da Junta de Freguesia da Estrela apoia há muito esta medida, por acreditar que é a única que permitirá “defender o jardim das investidas nocturnas”.

Em Setembro de 2014, a possibilidade de se construir “um gradeamento em altura” que permitisse fechar o Jardim Nuno Álvares a determinadas horas já tinha sido discutida na Assembleia Municipal de Lisboa. Na altura, a recomendação apresentada pelo presidente da junta foi chumbada, com os votos contra do PS, do PCP e dos independentes e com a abstenção do PEV.

Esta terça-feira o assunto voltou a ser debatido, no âmbito da apreciação de uma petição subscrita por 256 pessoas. Nela diz-se que o jardim conhecido como Jardim de Santos “encontra-se a um passo da sua iminente destruição”, acrescentando-se que tal é “reflexo de um condenável e danoso desinvestimento dos órgãos autárquicos em matéria de defesa e recuperação das estruturas verdes da capital”.

Os signatários afirmam que desde 2013, ano em que este espaço foi objecto de uma requalificação, “nada foi feito nem pela Junta de Freguesia da Estrela nem pela Câmara de Lisboa para pôr termo ao imparável processo de degradação e destruição deste emblemático espaço verde”.  Face a isso, pedem aos órgãos autárquicos que concretizem, “com carácter de urgência”, um conjunto de medidas, como a “renaturalização do jardim” e “a constituição de equipas de jardinagem permanentes”.

Na apresentação da petição, Miguel Velloso, que interveio na qualidade de primeiro subscritor e membro da Plataforma em Defesa das Árvores, disse que hoje o espaço “de jardim não tem nada”. Entre outros aspectos, este cidadão criticou o estacionamento “por todo o lado, inclusivamente no jardim” e o facto de a junta permitir a instalação no local de “carrinhas de comes e bebes”.

A petição foi saudada por alguns eleitos da assembleia municipal, mas não caiu bem ao presidente da Junta de Freguesia da Estrela, que confessou tê-la recebido com “enorme espanto e alguma indignação”. Na sua intervenção, Luís Newton frisou que há cerca de um ano apresentou à população e à câmara um projecto para requalificar o jardim, que não avançou porque alguns moradores se opuseram.

“Como se atrevem a escrever que a junta nada tem feito?”, perguntou repetidas vezes, garantindo aos presentes que “a junta não desistiu do Jardim de Santos”.

Ao PÚBLICO, Luís Newton explicou que o projecto de que falou, e em cujo financiamento os proprietários dos bares da zona de Santos já se tinham comprometido a participar, incluía a criação de uma vedação em torno do jardim e a instalação de um parque infantil no seu interior. O autarca garante que essa proposta foi “bloqueada” por “um conjunto de moradores”, acrescentando que com isso se perdeu um ano e “uma oportunidade de ouro”.

Aquilo que está agora em cima da mesa é uma intervenção no Largo de Santos, no âmbito do programa camarário Uma Praça em Cada Bairro. De acordo com aquilo que foi transmitido esta terça-feira, essa intervenção deverá ter início até Março, prevendo-se que esteja concluída no fim do ano.

Segundo Luís Newton esse projecto recupera a ideia do parque infantil, bem como a da vedação, além de permitir um alargamento das zonas pedonais e a instalação de um quiosque. A proposta que está em cima da mesa é que o jardim passe a estar encerrado entre as 23h e as 7 ou 8 da manhã, num horário que o autarca do PSD admite que possa ser diferente consoante a estação do ano.

“Nesta situação não tenho outra solução. Preciso de defender o jardim das investidas nocturnas”, diz o presidente da junta, sublinhando que “não é possível manter um jardim que todas as noites é violentamente dizimado”. “Entre encerrar e o estado actual, escolho encerrar”, acrescenta, admitindo se todos tivessem “uma atitude cívica” isto não seria necessário.

Quanto às carrinhas que vendem comidas e bebidas, e cuja actividade é licenciada pela junta, Luís Newton diz que elas trazem “calma” ao espaço, funcionando como “elemento dissuasor” de determinado tipo de comportamentos por quem sai à noite na zona.

 

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