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Jovem à procura de asilo na Suécia mata mulher em centro de acolhimento

A morte de uma mulher num centro para jovens é mais um caso incómodo num país conhecido pela sua política generosa de asilo. O Governo sofre nas sondagens e polícia pede reforços para responder à violência.

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Investigadores entram no edifício onde Alexandra Mezher foi esfaqueada. Adam Ihse/AFP

Um jovem de 15 anos requerente de asilo na Suécia esfaqueou e matou uma trabalhadora no centro de acolhimento em que vivia, destinado a acolher menores chegados ao país sem acompanhantes. O ataque aconteceu na segunda-feira, durante uma luta com outros menores residentes no centro dos arredores de Gotemburgo.

A jovem trabalhadora de 22 anos não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital, horas depois do ataque. A polícia não divulgou o nome e nacionalidade do atacante, que foi contido por outros rapazes do centro antes de ser detido pela polícia. A vítima foi, entretanto, identificada na imprensa sueca como Alexandra Mezher, filha de um casal nascido no Líbano.

Não se sabe se Mezher foi atingida deliberadamente ou se foi atacada por acidente durante o episódio de luta entre adolescentes. O centro em que trabalhava acolhe cerca de uma dúzia de menores requerentes de asilo entre os 14 e os 17 anos que chegam sozinhos ao país.

milhares de casos de menores desacompanhados nos centros de acolhimento suecos. Só no último ano, o Governo recebeu mais de 35 mil pedidos de asilo de menores nesta condição. A grande maioria são rapazes. “A culpa de ela estar morta é dos políticos suecos”, disse uma prima da vítima, citada pelo Daily Mail.

A morte de Alexandra Mezher é um novo caso incómodo para a coligação de sociais-democratas e verdes que no último ano insistiu em aceitar o maior número possível de requerentes de asilo. Os ataques em e contra centros de acolhimento para requerentes de asilo aumentaram drasticamente nos últimos meses e a imprensa sueca começa a denunciar cada vez mais casos de violência contra mulheres por grupos de adolescentes e jovens recentemente chegados ao país, à semelhança do que acontece na Alemanha depois dos ataques em Colónia.

Muitos acusam o Governo de tentar ignorar ou esconder os crimes cometidos pela população de refugiados. "As pessoas estão a perder fé na competência do Governo porque não estão a conseguir controlar a situação", diz à Reuters o politólogo Peter Esaiasson, falando sobre a recente queda na popularidade da coligação. 

A polícia sueca diz que os episódios de violência em centros de asilo subiram de 148 em 2014 para 322 no último ano e fez um novo apelo por mais meios. “Este tipo de incidentes está a tornar-se cada vez mais comum”, disse um porta-voz da polícia na segunda-feira. O comissário nacional pediu 4100 novos agentes para equipas de combate ao terrorismo, patrulha de centros de acolhimento e serviços de deportação.

“Somos forçados a responder a muitos distúrbios em centros de acolhimento de asilados”, afirmou o comissário Dan Eliasson, citado pela BBC. “Em alguns lugares isto absorve recursos significativos. Não era este o caso há seis meses e isso significa que não vamos conseguir responder de forma tão eficaz a outras áreas.”

Um “crime terrível”
O Governo cedeu aos sucessivos alertas de segurança da polícia e começou recentemente a inverter o rumo da política de acolhimento. A Suécia tem menos de dez milhões de habitantes e recebeu quase 163 mil pedidos de asilo só no último ano, mais do que qualquer outro país europeu em termos proporcionais.

A mudança na política de acolhimento em Estocolmo tornou-se célebre quando, ao anunciá-la em Novembro, Åsa Romson, a vice-primeira-ministra e porta-voz dos Verdes, chorou em directo na televisão. Nesse mês impuseram-se postos de controlo na fronteira com a Dinamarca. Já em Janeiro passou-se a proibir a entrada no país a quem não tenha documentos de identificação.

“Vou ser completamente franca”, disse então Åsa Romson. “Tivemos discussões difíceis no partido sobre a percepção da realidade. Nas últimas semanas fiquei convencida de que esta é a única maneira de permitir aos políticos do Partido Verde fazerem pelo menos alguma coisa”.

O primeiro-ministro sueco visitou o centro de acolhimento do ataque de segunda-feira, horas depois da morte de Alexandra Mezher. “[Foi um] crime terrível”, disse Stefan Lofven. “Acredito que há uma boa dose de pessoas na Suécia que se sente muito preocupada sobre se podem existir mais casos deste género, quando a Suécia recebe tantas crianças e adolescentes que chegam sozinhos.”

Os sociais-democratas de Lofven e os verdes de Åsa Romson caem nas sondagens. O partido do primeiro-ministro, aliás, nunca foi tão impopular desde que a Sifo começou a fazer sondagens no país, há quase 50 anos: os sociais-democratas têm o apoio de apenas 23% dos eleitores, segundo revelou a agência neste fim-de-semana, contra os 31% que conquistaram em 2014.

O partido anti-imigração de extrema-direita avança no sentido contrário. O Partido dos Democratas Suecos, que nas últimas eleições já tinha duplicado o número de deputados com um recorde de 13% dos votos, atinge agora os 18%. 

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