Secretário-geral da Renamo ferido a tiro com gravidade na Beira
Tensão armada entre regime e oposição regressa a Moçambique. No centro do país já há populações em fuga.
Manuel Bissopo, secretário-geral e deputado do principal partido da oposição moçambicana, a Renamo, foi hospitalizado em estado grave esta quarta-feira, na Beira, depois de ter sido alvejado, disse o porta-voz do partido à AFP.
Bissopo "tinha acabado de sair de uma conferência de imprensa onde denunciou o rapto e o assassínio de três dos nossos camaradas, quando duas viaturas das Forças de Defesa e Segurança o perseguiram e depois atacaram”, explicou António Muchanga, porta-voz da Renamo.
O guarda-costas do deputado morreu durante o ataque e outras três pessoas que seguiam no carro de Bissopo ficaram feridas, disse Muchanga.
Contactada pela AFP, a polícia confirmou o ataque contra o deputado e a morte do guarda-costas, mas não a identidade dos atacantes. “Ainda não temos informações suficientes para perceber como se desenrolou este acto bárbaro”, disse Inácio Dina, porta-voz do comando central da polícia.
Figura importante da Renamo, Manuel Bissopo, que também é deputado no Parlamento Pan-africano, a assembleia consultiva da União Africana, está nos cuidados intensivos numa clínica privada da Beira, a segunda cidade do país.
Este ataque acontece numa altura em que as tensões entre as forças governamentais da Frelimo e os antigos rebeldes da Renamo estão de novo ao rubro.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que está em parte incerta, continua a recusar os resultados das eleições presidenciais e legislativas de Outubro de 2014. Dhlakama anunciou que quer tomar o poder em Março de 2016 em seis das 11 províncias do país, pela força, se necessário. Nas últimas semanas, confrontos esporádicos entre a Renamo e as forças armadas no centro do país já forçaram mais de 2000 pessoas a refugiarem-se no vizinho Malawi.
Os que fugiram dizem ter escapado da violência das forças do Exército que estão à procura de apoiantes de Dhlakama. “Os soldados chegaram em veículos governamentais para queimar as casas e os campos de milho e acusaram-nos de estar a dar abrigo a soldados da Renamo”, contou à AFP Omali Ibrahim, um agricultor de 47 anos que fugiu para o Malawi com a mulher e os seus cinco filhos.