Greve dos estivadores deixou lojas nas ilhas à espera de mercadoria

Autoridades regionais não conseguem ainda quantificar os prejuízos para as economias açorianas e madeirenses com a paralisação, mas falam em “sérios transtornos”.

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Situaçao das regiões autónomas deveria ter sido acautelada, defende governo regional dos Açores Daniel Rocha

Prateleiras de supermercados parcialmente vazias. Lojas de vestuário, no pico da época de saldos, à espera de mercadoria para repor o stock. Armazéns de bebidas sem conseguir dar resposta aos pedidos. A greve dos estivadores no Porto de Lisboa, que começou a 14 de Novembro e terminou esta sexta-feira com a assinatura de um compromisso de negociação de um novo Contracto Colectivo de Trabalho para os estivadores, teve um impacto bastante negativo nos Açores e na Madeira.

Totalmente dependentes dos transitários, pois o custo do transporte aéreo é proibitivo, as duas regiões autónomas não conseguem ainda quantificar os prejuízos para a economia resultante desta paralisação, mas falam em “sérios transtornos” para as economias regionais.

“Em função desta paralisação, têm existido constrangimentos que são por demais evidentes para a região e é precisamente nessa lógica que esta secretaria regional manifestou, por escrito, quer ao Ministério do Mar, quer ao Sindicato dos Estivadores, a sua posição, no sentido de sensibilizar estas entidades para a necessidade de ser encontrada uma solução que não penalizasse, ainda mais, a região”, explicou ao PÚBLICO fonte da secretaria regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira. O gabinete de Eduardo Jesus, fala em “sérios transtornos” no abastecimento do arquipélago que, sublinha, é “fortemente dependente” do exterior.

Nos Açores, o impacto da greve dos estivadores foi o mesmo, e as preocupações das autoridades também. Vítor Fraga, secretário regional do Turismo e Transportes, reuniu os três armadores que abastecem a região autónoma, para que, juntos, encontrassem soluções para minimizar o impacto da paralisação.

Uma das formas para contornar os atrasos em Lisboa, foi desviar a carga para portos alternativos como o de Leixões. “O problema é que isso representa um acréscimo de custos na cadeia de distribuição”, lembrou Vítor Fraga ao PÚBLICO, ressalvando que embora não tenham ocorrido situações de ruptura de stocks, a greve causou graves constrangimentos às importações e exportações no arquipélago.

Na Madeira, o Pingo Doce reconhece a “escassez de produtos frescos”, que explica com o atraso na chegada dos barcos. A partir de Dezembro, disse fonte oficial da rede de supermercados, houve um reforço no transporte de mercadoria de Lisboa para o Porto, de forma a seguir para o arquipélago via Leixões. “O atraso no abastecimento reflecte-se nas vendas das lojas Pingo Doce na Madeira, no entanto, consideramos que o maior impacto é sentido pelos nossos clientes que estão a ter dificuldades em ter acesso aos produtos que comercializamos”, acrescenta a mesma fonte.

Para já, tantos os Açores como a Madeira dizem ser impossível quantificar os prejuízos. “O impacto desta greve para a economia regional é impossível de quantificar neste momento”, nota o gabinete de Eduardo Jesus, explicando que o executivo madeirense esteve a “acompanhar e a monitorizar” os efeitos da paralisação.  

O governo açoriano manifestou preocupação junto dos intervenientes em Lisboa, ao mesmo tempo que dentro do arquipélago tentou gerir a chegada de mercadorias de acordo com as necessidades pontuais de cada uma das nove ilhas daquela região. Vítor Fraga reconhece o direito à greve, mas defende que tendo em conta a dependência das regiões autónomas ao transporte marítimo, a definição de serviços mínimos deveria ter sido estabelecida.

O ideal, diz o secretário açoriano, era não haver greve, mas havendo, a situação das regiões autónomas deveria ter sido acautelada. A situação climatérica – os Açores foram fustigados por um temporal em Dezembro – agravou o problema, enquanto na Madeira o calendário coincidiu com um dos cartazes turísticos da ilha: o Natal e o Fim-de-Ano. “Atendendo aos consumos do Natal e Fim-de-Ano, em que não esteve em causa, apenas, a população residente mas, também, a visitante, obviamente que o timming escolhido em nada abonou a favor da região”, observa a secretaria regional de Eduardo Jesus.

  

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