Sánchez reitera que não apoia governo de Rajoy

Dirigente espanhol do PSOE elogiou diálogo à esquerda de António Costa.

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António Costa recebeu Pedro Sanchéz na sede do PS em Lisboa Rui Gaudêncio

O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, reiterou esta quinta-feira, em Lisboa, que os socialistas espanhóis não apoiam a investidura de Mariano Rajoy como novo presidente do governo espanhol. Depois de uma reunião de mais de uma hora com o seu homólogo português, o dirigente do socialismo espanhol elogiou a solução encontrada por António Costa para, com o apoio à esquerda, liderar um executivo.

“A União Europeia necessita de um impulso, de ventos de mudança como os verificados em Portugal, para o crescimento económico, a criação de emprego, a luta contra as desigualdades e a precariedade na defesa da sociedade do bem-estar”, leu Sánchez numa declaração de página e meia. Os socialistas portugueses emprestaram aos espanhóis o palco da sede do Largo do Rato para um acto de propaganda em castelhano. No púlpito estavam inscritas as siglas do outro lado da fronteira: PSOE.

O exemplo de Costa foi por diversas vezes destacado pelo secretário-geral dos socialistas espanhóis. Daquele percurso Pedro Sánchez salientou a capacidade de diálogo do líder português e, interessadamente, tentou estabelecer um paralelo entre as situações dos dois países.

Assim, a construção da maioria alternativa da esquerda portuguesa foi traduzida para um “não a uma aliança do PP [Partido Popular] com o PSOE” e um diálogo com parceiros indefinidos no Parlamento espanhol. “Não é uma questão de siglas, mas de políticas”, disse por diversas vezes.

Pedro Sánchez omitiu que o seu partido obteve em 20 de Dezembro o pior resultado eleitoral da história, ao contrário dos socialistas portugueses. Preferiu não abordar as diferenças entre o Podemos espanhol e o Bloco de Esquerda ou o PCP. Mesmo quando inquirido sobre o apoio da esquerda radical espanhola ao referendo da independência da Catalunha, o que marca uma diferença abismal na realidade política dos dois países da península ibérica, não retirou as consequências da sua oposição à consulta defendida pelo Podemos.

“O referendo na Catalunha é inconstitucional, queremos uma reforma constitucional que consagre o direito a decidir [sobre a independência catalã] a todos os espanhóis”, disse. Este imbróglio político não esmoreceu o discurso de comparações com Portugal, “da experiência portuguesa num Parlamento fragmentado”. Aí, contudo, a relação de forças resume-se a seis partidos e não aos 13 grupos no Congresso dos Deputados de Espanha. Um quadro fixo a que o político espanhol está apegado, recusando um cenário de eleições antecipadas. “Não são a solução, os espanhóis já votaram a 20 de Dezembro”, sentenciou.

A existência de um quadro de ingovernabilidade sem o PP de Rajoy é outra diferença ante a situação de Portugal, onde a direita perdeu o centro da decisão política que ainda mantém em Espanha. Sánchez recebeu abraços de boas vindas e de despedida de António Costa, que nada disse em público – mais na mira de novas políticas europeias do que numa solução para a crise espanhola e da Catalunha.

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