Em Oliveira do Hospital, a escola é “uma zona de risco”

Remoção de placas com amianto ficou por concluir. Pais e alunos vão exigir de novo, nesta segunda-feira, que ministério conclua as obras.

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O Ministério da Educação removeu placas com amianto em 300 escolas - na imagem, uma escola de Carnaxide Enric Vives-Rubio

Na Escola Secundária de Oliveira do Hospital o regresso às aulas, nesta segunda-feira, será feito também com máscaras de protecção para assinalar que se está ali “numa zona de risco”. É deste modo que a presidente da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital, Ana Álvaro, descreve a situação em que se encontra a escola. Razão: a existência de placas de fibrocimento em “avançado estado de degradação” que,  por conterem amianto, constituem um “perigo para a saúde” das duas mil pessoas que frequentam a sede do agrupamento, alerta.

O amianto é um material tóxico e cancerígeno que está proibido na União Europeia desde 2005. Os materiais com amianto são perigosos para a saúde quando, devido à sua deterioração, libertam fibras que podem ser inaladas pelos ocupantes dos espaços onde se encontram. É o que se passará na secundária de Oliveira do Hospital e é por este motivo que as associações de pais e estudantes do agrupamento decidiram marcar o início do 2.º período de aulas com um protesto, que decorrerá entre as 08h15 e as 09h00 desta segunda-feira, e que envolverá a distribuição de máscaras de protecção aos alunos.

“O objectivo é alertar os estudantes, encarregados de educação e professores para os riscos que correm face à degradação das placas de amianto existentes nas coberturas de todos os pavilhões, à excepção de um, e nas zonas de passagem entre estes”, descreve Ana Álvaro.

Em relação aos alunos, por exemplo, vão tentar sensibilizá-los para que  não toquem nas placas e evitem bater nelas com chapéus-de-chuva e outros objectos para evitar a libertação de mais resíduos. Ana Álvaro diz que a mensagem é esta: “Se a situação já é má, não a tornem pior.”  

A Escola Secundária de Oliveira do Hospital foi uma das 300 onde o Ministério da Educação procedeu a obras com vista à remoção das placas de fibrocimento que se encontravam degradadas. A empreitada decorreu em 2014, mas segundo a associação de pais “apenas foi removida uma parte da cobertura em fibrocimento”. Desde então, tanto a associação, como a direcção do agrupamento e a câmara, que também se associou ao protesto desta segunda-feira, têm insistido com o ministério para concluir os trabalhos de remoção.   

“A única resposta que recebemos é que o trabalho será concluído quando houver dotação orçamental, mas a degradação das placas está em estado tão avançado que não podemos esperar”, diz a presidente da associação de pais.

Um levantamento divulgado pelo Governo em 2014 dava conta da existência de 2015 edifícios públicos com amianto na sua construção, entre os quais cerca de 800 escolas, universidades e politécnicos.

O Ministério da Educação considerou que o programa de remoção ficou concluído com a intervenção em 300 escolas, por ser nestas que se detectaram “placas deterioradas, designadamente em telheiros, passadiços e pavilhões gimnodesportivos, ou outros equipamentos”.

A associação ambientalista Quercus alertou, na altura, que o trabalho de remoção nas escolas ficou “incompleto”, já que poderão existir também “refeitórios, pavimentos e revestimentos de algumas paredes com amianto, que não foram alvo de identificação”. A Quercus justificou, a propósito, que o levantamento foi feito essencialmente por técnicos da Direcção-Geral de Estabelecimentos Escolares, professores e directores, que são capazes de identificar facilmente as placas de fibrocimento, mas que “não terão formação para identificar as restantes situações”.

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