Acordo à vista em Paris: “Estamos quase no fim de um caminho e no início de outro”
Ministro francês dos Negócios Estrangeiros aplaudido de pé ao anunciar versão final do novo tratado para conter o aquecimento global.
Aplaudido de pé e emocionado, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, anunciou esta manhã a versão final para um histórico acordo climático destinado a conter o aumento da temperatura da Terra, promover uma sociedade sem combustíveis fósseis e aumentar a ajuda internacional aos países mais vulneráveis ao aquecimento global.
“Estamos quase no fim de um caminho e sem dúvida no início de outro”, disse Fabius a representantes de 195 países que nas duas semanas completaram um trabalho iniciado há quatro anos.
O acordo, que será submetido à aprovação ainda este sábado, prevê um limite para a subida da temperatura “bem abaixo” dos 2,0oC, com esforços para que não ultrapasse 1,5oC. Os países terão de apresentar planos nacionais climáticos a cada cinco anos, e haverá uma revisão dos mesmos, com vista a aumentar a sua ambição.
O texto prevê ainda que em 2025 será fixada uma nova meta de apoio às nações em desenvolvimento, além dos 100 mil milhões de dólares anuais já prometidos pelos países ricos a partir de 2020.
O texto é “diferenciado, justo, equilibrado e legalmente vinculativo”, disse Fabius, com o Presidente François Hollande à sua direita e o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, à esquerda.
Depois de mais uma maratona negocial, que terminou na madrugada deste sábado, o texto representa uma solução de compromisso entre os diversos países. Terá já o acordo informal de todos, e Fabius foi ovacionado ao entrar no plenário da cimeira do clima, que decorre nos arredores de Paris.
Ainda será, no entanto, submetido à discussão e aprovação formal, numa nova sessão plenária que começará às 15h45. Tudo indica que o acordo será aprovado, mas as plenárias finais das cimeiras climáticas da ONU são normalmente sujeitas a surpresas. A decisão tem de ser por consenso.
Laurent Fabius disse que não se poderia perder a oportunidade criada em Paris. “Ninguém aqui quer a repetição de Copenhaga”, afirmou, referindo-se à falhada cimeira climática de 2009, onde se previa chegar a um novo tratado climático.
“A nossa responsabilidade com a história é enorme. (…) Se falharmos hoje, como iremos reconstruir esta esperança?”, acrescentou Laurent Fabius.
O Presidente François Hollande fez um apelo directo à adopção do acordo. “Nações do mundo, a decisão está nas vossas mãos”, disse, referindo a satisfação, orgulho e alívio que seria ver nascer o acordo de Paris, um mês depois dos atentados terroristas de 13 de Novembro. “Por isso, França vos pede, vos convoca, a adoptarem o primeiro acordo universal sobre o clima”, apelou.