Arábia Saudita executa mais dois condenados à morte

O reino nunca tinha cumprido tantas sentenças desde 1995. Soma já 150 este ano.

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O rei Salman chegou ao trono no início do ano depois da morte de Abdullah Yoan Valat/Reuters

Um paquistanês e um saudita, condenados à morte respectivamente por tráfico de droga e homicídio, foram decapitados esta terça-feira na Arábia Saudita, elevando para 150 o número de execuções desde o início do ano.

Iqbal Khan, paquistanês dado com culpado de ter entrado no país com heroína dissimulada nos intestinos, foi executado na cidade santa de Meca, segundo anunciou o Ministério do Interior num comunicado. O saudita Haïdar Al-Radhouane, condenado à morte por ter assassinado dois compatriotas depois de um diferendo, foi decapitado com um sabre em Qatif, de acordo com um segundo comunicado do mesmo ministério.

O número de 150 execuções deste ano (e que vai certamente subir, dado o número de condenados que estão no corredor da morte) ultrapassa largamente o que foi registado em 2014 (87), segundo uma contagem da AFP – inferior, ainda assim, à da Amnistia Internacional, que já no início de Novembro tinha ultrapassado esse valor.

É o número mais elevado desde 1995, ano em que o reino procedeu a 192 execuções, segundo a Amnistia Internacional. Recorde-se que o reino tem um novo monarca precisamente desde o início de 2015: o rei Salman subiu ao trono depois da morte de Abdullah.

As execuções, sempre noticiadas pela agência de notícias oficial do reino, nos últimos anos tinham vindo a baixar, mas 2015 está a ser um ano particularmente atroz, visando não apenas condenados por crimes de delito comum, como homicídio, violação, roubo à mão armada ou tráfico de droga, mas também intelectuais e activistas dos direitos humanos, acusados de apostasia e de ofensas à monarquia.

Segundo a Amnistia Internacional, a Arábia Saudita – regime que se rege por uma visão ultra-rigorosa da charia (lei islâmica) –, é um dos países que executam mais pessoas. Logo a seguir à China, Irão, Iraque e Coreia do Norte e um lugar acima dos Estados Unidos.

Na segunda-feira foi a vez de Hawas al-Shammry, executado em Rafha depois de ter sido condenado por ter apunhalado a sua mulher numa discussão.

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