Líder socialista espanhol admite coligação com todos menos o PP

Sánchez arranca campanha com discurso do voto útil. Diz que o Podemos faria o mesmo que o PSOE e que o Cidadãos é um Partido Popular mais jovem.

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Sánchez em campanha num mercado de Barcelona Josep Lago/AFP

Se vencer “por um voto que seja”, o novo líder do PSOE vai convocar de imediato todos os partidos com representação parlamentar, à excepção do Partido Popular, no poder, e convidá-los a assinar um pacto com um programa comum para os próximos quatro anos.

“Se o PSOE ganhar com um voto a mais que o PP, haverá mudança política e podemos falar com o resto das forças políticas, quer se chamem Cidadãos, Podemos, Esquerda Unida ou Partido Nacionalista Vasco”, afirmou Pedro Sánchez em Barcelona, na abertura da campanha eleitoral para as legislativas de dia 20.

Sexta-feira, os socialistas reagiram com incredulidade a uma nova sondagem, do Centro de Investigações Sociológicas, que os coloca em segundo lugar, a quase 8% do PP. Outros inquéritos, como o do instituto Metroscopia para o jornal El País, divulgado há uma semana, dão resultados muito mais próximos, com uma diferença de décimas entre populares, PSOE e Cidadãos.

Horas depois de serem conhecidos os resultados da sondagem do CIS, Sánchez prometia o pacto e apelava ao voto útil, “mais necessário do que nunca”. Estas são as primeiras eleições para a Assembleia Nacional depois do aparecimento de dois novos actores na política nacional: o Podemos, formação de esquerda liderada pelo cientista político Pablo Iglesias, e o Cidadãos (que nasceu como partido na Catalunha), uma formação com propostas económicas mais próximas do PP mas liberal nos costumes e que se assume como centrista. O seu líder, o advogado Albert Rivera, é actualmente o político melhor avaliado pelos espanhóis, com uma nota de 4,98 em 10, de acordo com o CIS.

“Concentremos o voto no único partido que pode ganhar a Mariano Rajoy, nós”, defendeu Sánchez já este sábado.

No debate de segunda-feira, onde esteve com Rivera e Iglesias, Sánchez já fora o que mais vezes repetira o nome do ausente primeiro-ministro Rajoy, insistindo que o PSOE tem de vencer para “anular as leis” aprovadas com maioria absoluta pelo PP na legislatura que agora termina. Agora, o candidato do PSOE foi um pouco mais longe, descrevendo o Podemos como igual aos socialistas e o Cidadãos como outro PP. “A essência do Podemos é fazer o mesmo que o PSOE, e depois há estes que dizem que não são nem de esquerda nem de direita… Os mais veteranos sabem bem que quando não és de esquerda nem de direita terás menos 20 anos, mas és do PP”, disse, num comício no município de Baleares.

Depois de contados os votos, Sánchez admite negociar com todos. Nos próximos 15 dias, a estratégia passa por se afirmar como única alternativa aos populares, tentando desvalorizar Cidadãos e Podemos. No fundo, fazendo o mesmo que fazem Rajoy e os restantes líderes do PP, repetindo que só estão preocupados com o PSOE, o seu “verdadeiro rival”. Rajoy recusou ir a todos os debates onde estarão Rivera e Iglesias e só vai debater num frente-a-frente com Sánchez, no dia 14. Entretanto haverá um debate a quatro – ao contrário do jornal El País, que organizou o de dia 30 de Novembro, a televisão Antena 3 aceitou que Rajoy se faça representar pela sua vice-presidente, Soraya Sáenz de Santamaría.

O que é comum a todas as sondagens é o elevado número de indecisos – entre 20 e 41% - e o facto de nenhuma antecipar uma vitória suficiente ao PP para governar sozinho. Para já, Sánchez diz que vai negociar a formação de um governo se ganhar. Resta saber se o fará mesmo sem vencer.

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