Já há acordo preliminar na cimeira do clima de Paris
As 42 páginas do documento têm princípios, não compromissos políticos, e servem de base às negociações que os ministros iniciam segunda-feira.
Os representantes dos quase 200 países que participam na cimeira do clima que decorre em Paris aprovaram um acordo preliminar que será "a base" para as negociações que vão decorrer na próxima semana e que já envolvem os ministros. Há, porém, muitos pontos em que não há consenso, devendo os trabalhos centrar-se agora neles, antes da aprovação de um documento final.
"Este texto marca a vontade de todos para chegar a um acordo. Não estamos no fim do caminho. As principais questões políticas devem ainda ser resolvidas", disse a representante francesa, Laurence Tubiana, no anúncio do que foi considerado "um passo-chave" desta cimeira.
O documento demorou quatro anos a ser discutido – os trabalhos começaram após a reunião de Durban, na África do Sul, em 2011 – e só foi aprovado às 11h deste sábado, uma hora antes do prazo esbelecido para os países chegaram a um acordo preliminar. Os delegados trabalharam toda a noite, referem as agências AFP e Reuters, para chegarem a um consenso.
Este só foi possível, disseram os delegados, porque o texto não indica soluções, apenas princípios. Todas as questões políticas foram deixadas em aberto.
Mesmo com os compromissos já assumidos, as emissões de gases com efeitos estufa vão continuar a aumentar, deixando o mundo numa trajectória de aquecimento de mais três graus em relação à era pré-industrial, quando o objectivo era não ultrapassar os dois graus.
O financiamento aos países do Sul e a repartição dos esforços na luta contra as alterações climáticas entre países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento são dos pontos mais difíceis das negociações. Os países do Sul querem que fique estabelecido no acordo que, anualmente, e até 2020, são disponibilizados cem mil milhões de dólares para ajudar os países a adaptarem-se às medidas necessárias para limitar o aquecimento. Porém, os países do Norte não querem ser os únicos financiadores.
Nos seus princípios genéricos, o texto diz que devem ser adoptadas metas para um abrandamento nas alterações climáticas e incita os países em desenvolvimento a investirem mais na prevenção dos factores de risco.
"Esperávamos ter podido fazer maiores avanços", disse Nozipho Mxakato-Diseko, da África do Sul, falando em nome de 130 países em desenvolvimento. "Pedimos aos nossos parceiros para ouvirem as nossas preocupações, de forma a encontrarmos soluções conjuntas".
Os ministros não vão ter uma semana fácil para chegarem a um entendimento que gere um novo acordo sobre o clima no planeta – e que será assinado pelos chefes de Estrado, no final da cimeira. Mas Laurence Tubiana sublinhou que, para já, é de "saudar" que se tenha encontrado "uma base para as negociações".
À margem da conferência, realiza-se a Jornada de Acção, que tem lugar no recinto da conferência do clima (a COP21). Esta jornada junta dezenas de personalidades que se mobilizaram para lutar contra as alterações climáticas. Este sábado falou o actor Sean Penn (na sexta-feira foi a vez de falarem Leonardo di Caprio e Robert Redford).