O biopic de Steve Jobs (é o segundo em dois anos) parece em vias de se tornar um novo género do cinema americano, actualmente tão fascinado por “vencedores” como antigamente venerava os losers. Este tipo de figuras (como Mark Zuckerberg, também “biografado” por Aaron Sorkin na Rede Social que Fincher dirigiu) tem um problema: serão um sonho molhado dos tecnocratas (muito dinheiro, muita tecnologia, muito sucesso) mas não são, em si mesmas, especialmente interessantes, nem pelo lado da “nerdice”. Não era Danny Boyle que ia trazer um olhar sobre Jobs que modelasse a personagem em qualquer coisa mais significativa em termos dramáticos – isso adivinhava-se e confirma-se (nem espanta que ande tanta gente a escrever sobre o filme ignorando Boyle e mencionando quase exclusivamente o argumentista Sorkin). Fica um exemplo, seguramente competente, da chegada das “séries” (a escrita) ao cinema americano como meio de sair do buraco adolescente em que se deixou cair. Mas não muito mais do que isso.
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