Mário Centeno admite consolidação orçamental a ritmo mais lento

No dia em que caiu o Governo de Passos Coelho, o coordenador do programa económico do PS falou ao Financial Times.

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“Ninguém com bom senso pensará em não pagar as dívidas que contraiu”, diz Centeno Enric Vives Rubio

Mário Centeno, deputado e coordenador do programa económico do PS, garante que um Governo dos socialistas vai assegurar a “consolidação orçamental”, mas admite que ela possa acontecer mais devagar. No dia em que caiu o Governo de Passos Coelho, Centeno falou em nome do PS ao Financial Times, que o descreve já como o provável próximo ministro das Finanças.

Não está em causa a trajectória, mas “a velocidade” do ajustamento das contas públicas, diz Centeno ao jornal económico britânico. “Vamos continuar a reduzir o défice e a dívida, mas a um ritmo mais lento. Isso criará o espaço económico necessário para aliviar as restrições financeiras significativas que as famílias e as empresas enfrentam”.

Na proposta de programa de Governo negociado com o Bloco de Esquerda, PCP e Os Verdes, onde se prevêem medidas para aumentar o rendimento dos portugueses, as previsões de redução do défice foram actualizadas em relação ao programa eleitoral do PS. Agora, prevê-se uma descida maior, com o défice a baixar para 2,8% em 2016, para 2,6% no ano seguinte, para 1,9% em 2018 e 1,5% em 2019.

Falando a uma audiência internacional, Centeno reafirma o compromisso de manter Portugal na zona euro e afasta desde já um perdão da dívida pública portuguesa. Mas se a palavra “reestruturação” não é dita, é sublinhado pelo economista que a redução da dívida deve ser feita de forma compatível com o nível de crescimento da economia. Uma ideia que Mário Centeno sublinha quando um dos pontos do acordo assinado com o Bloco de Esquerda prevê a criação de um “grupo de trabalho para a avaliação da sustentabilidade da dívida externa”.

“Ninguém com bom senso pensará em não pagar as dívidas que contraiu”, afirma o economista, deixando uma ressalva: “Teremos de encontrar uma forma que eu penso ser a mais importante para os mercados financeiros e para a economia – baixar a dívida a um ritmo que seja compatível com o crescimento”.

Na mesma conversa com o FT, o ex-consultor da administração do Banco de Portugal acusa ainda o anterior Governo de coligação do PSD e do CDS-PP de não ter resolvido a “fragilidade do sistema financeiro” do país.

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