Decoração
Crimson Peak é puramente evocativo (e quase “parasita” na sua tangente a Tim Burton), vive da decoração.
Guillermo del Toro vem do México, que tem uma longa e rica tradição de melodramas populares dessvairados e assombrados, com muito amour fou até – com contributo de Buñuel – genuinamente surrealista. O que é isso tem a ver com este filme, que até é uma produção americana? Em rigor, nada. Mas ao mesmo tempo, tudo: o que Del Toro serve, como tem servido ao longo da carreira, é uma versão longínqua e puerilizada desses universos, no ponto em que eles se tocam com as tradições clássicas do terror e do gótico de matriz euro-americana.
Crimson Peak é puramente evocativo (e quase “parasita” na sua tangente a Tim Burton, por exemplo), vive da decoração em sentido lato, da ausência de mistério (porque tudo é atirado para os olhos, tudo se faz espectáculo), uma mastigação constante que procura impressionar pela superfície mas não tem nada de interessante a sustentá-la. Um tédio.