EUA vão reforçar "acções no terreno" no Iraque e na Síria
Secretário da Defesa diz que não se trata de uma intervenção em larga escala, mas sim de apoio a "ataques oportunísticos contra o Estado Islâmico".
Os militares norte-americanos vão envolver-se em ataques no terreno no Iraque e na Síria, admitiu o secretário da Defesa, Ashton Carter, numa audição no Senado sobre a estratégia de combate contra o autoproclamado Estado Islâmico.
"Não vamos refrear-nos no apoio a parceiros bem preparados em ataques oportunísticos contra o ISIL [uma das siglas usadas nos Estados Unidos para designar o Estado Islâmico], nem na realização desse tipo de missões directamente, quer seja através de ataques aéreos, quer seja através de acções no terreno", afirmou o responsável perante a Comissão de Serviços Armados do Senado norte-americano, na terça-feira.
Esta declaração representa uma mudança de estratégia no combate aos extremistas islâmicos, depois de o Presidente Barack Obama ter afastado a hipótese de enviar tropas para o terreno quando anunciou o lançamento de ataques aéreos no Iraque, em Agosto do ano passado.
Na semana passada, um sargento norte-americano foi morto em combate numa operação conjunta com forças especiais curdas em Hawija, no Norte do Iraque, que resultou na libertação de 69 reféns do Estado Islâmico.
O secretário da Defesa dos EUA disse então que os militares norte-americanos iriam continuar a participar em ataques semelhantes, mas rejeitou a ideia de que o país esteja a mudar de estratégia em relação ao que o Presidente delineou no ano passado.
"Não significa que estejamos a assumir uma posição de combate. Significa a continuação da nossa missão de aconselhamento e apoio", disse Ashton Carter na semana passada.
Depois de os EUA terem abandonado um programa para treinar 15.000 combatentes sírios até 2018, a questão agora é perceber se o envolvimento em "acções directas no terreno", como descreveu o secretário da Defesa na terça-feira, perante o Senado, é o mesmo que "tropas no terreno" – e, portanto, uma mudança de estratégia em relação ao que foi anunciado pelo Presidente Barack Obama.
Carter disse perante o Senado que há de facto uma mudança na estratégia, mas que não passa por um envolvimento em larga escala: "As mudanças que estamos a implementar podem ser descritas por aquilo a que eu chamo os 'três R': Raqqa, Ramadi e raides", disse Ashton Carter. De acordo com esta nova postura, as forças norte-americanas vão reforçar o seu apoio a "combatentes moderados" nos assaltos a Raqqa, na Síria, e a Ramadi, no Iraque. Quanto aos raides, Carter referia-se a operações como a que resultou na libertação de reféns em conjunto com as forças curdas.
Na sua declaração, no ano passado, Obama disse que não iria enviar soldados norte-americanos "para combaterem noutra guerra no terreno, nem no Iraque nem na Síria".
"É mais eficaz usar as nossas capacidades para ajudarmos parceiros no terreno a garantirem a segurança do futuro dos seus próprios países", disse Barack Obama.
Já este ano, em Maio, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnst, especificou que "o Presidente não vai ficar numa situação em que terá de equacionar uma intervenção militar em larga escala".
Mas o jornal Washington Post avançou na terça-feira – no mesmo dia em que o secretário da Defesa foi ouvido no Senado – que os conselheiros do Presidente Obama recomendaram novas medidas que, a serem aplicadas, colocariam soldados norte-americanos "mais perto das linhas da frente no Iraque e na Síria", dando conta de "uma crescente insatisfação na Casa Branca com os progressos no combate ao Estado Islâmico".
"Estas mudanças representariam um reforço significativo do envolvimento norte-americano no Iraque e na Síria", avança o jornal.