Mau tempo fez encalhar petroleiro e voar telhados
Grande Lisboa foi atingida por temporal que afectou vários distritos e levou parte do telhado de uma escola do Barreiro.
Voaram telhados, caíram árvores e até um petroleiro encalhou junto à Marina de Cascais. O mau tempo que se fez sentir este sábado na região de Lisboa mas também noutros pontos do país provocou estragos, mas não há notícia de que tenha originado senão três feridos ligeiros.
Um deles foi vítima da queda da cobertura de um hipermercado em A-da-Perra, no concelho de Mafra. A superfície comercial teve de ser evacuada. Os bombeiros e a Protecção Civil registaram, de resto, diversas ocorrências na região Oeste, de telhados danificados a quedas de árvores, de postes de electricidade e de telecomunicações, de sinalização vertical e semafórica e de painéis publicitários. No Cadaval caiu a cobertura do Clube Atlético, enquanto na Lourinhã a queda de uma chaminé provocou estragos num automóvel.
A queda de um ramo de árvore no centro histórico de Sintra, junto ao palácio da vila, provocou ferimentos ligeiros em mais duas pessoas. "Devido ao vendaval que assolou a região, por volta das 11h caíram algumas árvores de grande porte. A queda de um galho junto ao Palácio Nacional de Sintra provocou "dois feridos ligeiros", informou o comandante do Serviço Municipal de Protecção Civil, Pedro Ernesto Nunes. Os feridos são um homem e uma mulher que ali passavam.
Foram assistidos no local por uma unidade do Instituto Nacional de Emergência Médica. O vento forte e a chuva intensa levaram a protecção civil a encerrar os acessos à serra, por precaução e devido à queda de árvores. A sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua, que gere os monumentos na serra, encerrou também os acessos aos palácios. A ligação entre o Ramalhão e São Pedro de Penaferrim foi igualmente afectada pela queda de arvoredo de grande porte, que causou danos em algumas viaturas e casas devolutas. A feira das Mercês, também no concelho de Sintra, foi também encerrada devido ao mau tempo.
No Barreiro parte dos telhados da Escola Alfredo da Silva, frequentada por cerca de 700 alunos, caiu durante a manhã. Trata-se da terceira vez que tal acontece desde as obras realizadas no ano passado. “Voaram chapas enormes de telhado, que vieram parar cá abaixo. Uma das passagens que liga dois blocos voou, assim como o telhado da papelaria. Se tivesse acontecido numa sexta-feira ou num qualquer outro dia de semana seria uma tragédia”, referiu Sandra Ferreira, da associação de pais. A escola, que tem alunos desde o 5.º ao 12.º ano, foi alvo de uma intervenção no ano passado para retirar as placas de fibrocimento. Mas logo em Janeiro algumas telhas caíram. Já no início deste mês, a situação repetiu-se: algumas chapas enormes do telhado de um dos edifícios levantaram voo, levando ao encerramento temporário do estabelecimento de ensino.
Os encarregados de educação defenderam que a escola só devia voltar a abrir quando fossem dadas garantias de que a obra não representava qualquer perigo para os alunos. No entanto, a direcção escolar decidiu reabri-la há três dias e este sábado o telhado voltou a voar, obrigando à presença da polícia, bombeiros e proteção civil. “Temos registo da queda de um terço da cobertura da escola”, confirmou o comandante da Autoridade Nacional de Protecção Civil, José Leite.
A directora da escola, Ana Paula Costa, explicou que “voou uma parte da cobertura de uma zona que não tinha sido intervencionada na passada semana”. Algumas placas caíram e outras ficaram soltas na cobertura. “Tínhamos a garantia da Direcção Regional dos Estabelecimentos de Ensino de que iriam arrancar na segunda-feira as obras na zona que não tinha sido ainda intervencionada e não era expectável que isto acontecesse. A escola reabriu mas a zona onde hoje aconteceu a queda estava vedada e sem acesso dos alunos”, afirmou a mesma responsável, segundo a qual a escola só reabrirá quando estiverem asseguradas todas as condições de segurança, desconhecendo-se por isso quando voltará a haver aulas. O Ministério da Educação assegurou entretanto que vão ser feitas obras nos telhados que se soltaram: “Já esteve uma empresa no local a fixar as placas que estavam danificadas e voltará a ser feita nova intervenção”.
Além do distrito de Setúbal, o temporal também fez estragos no distrito de Évora – inundações, quedas de árvores e de muros e ainda aluimentos de terras. No distrito de Tomar registaram-se ocorrências do mesmo género. E nem a Madeira foi poupada: uma derrocada de pedras no sítio da Meia Légua, na Ribeira Brava, obrigou ao fecho da Via Expresso 4, entre este concelho e a vila de São Vicente, não tendo do acidente resultado vítimas. “Houve um escorregamento de talude”, explicou fonte da empresa responsável pela gestão, exploração e conservação das vias expressos regionais. A estrada foi mais tarde reaberta, mas com trânsito alternado.
Em Cascais, o Tokyo Spirit, um petroleiro com 22 tripulantes, encalhou na zona da baía, revelando-se o seu reboque difícil, devido à forte ondulação. A Marinha adiantou que, apesar de se tratar de um petroleiro, não havia qualquer risco de desastre ambiental, uma vez que o navio de 274 metros e 30 mil toneladas proveniente das Bahamas não se encontrava com carga. Os tripulantes recusaram-se a ser resgatados pelas autoridades, para poderem colaborar na operação de salvamento da embarcação.
Cinco horas depois do acidente, às 17h, a operação de desencalhe estava ainda a decorrer “com dificuldades”, tendo sido enviado para bordo um elemento para ajudar o comandante do navio. “Os rebocadores estão a ter dificuldades em colocar os cabos no navio para poder puxá-lo e libertá-lo”, descrevia o porta-voz da Marinha Portuguesa, o comandante Paulo Vicente. Acabaram por ser requisitados para a operação mais três rebocadores oceânicos, dois dos quais vêm de Sines e só deverão chegar ao local esta madrugada. Numa inspecção feita à embarcação, não foi detectado nenhum dano.