Obama diz que Putin está "a tentar manter o seu único aliado por um fio"
Presidente norte-americano mostra-se incomodado com perguntas sobre a influência russa no Médio Oriente. Vladimir Putin diz que intervenção visa "estabilizar a legítima autoridade" de Bashar al-Assad.
Numa entrevista no programa 60 Minutes, marcada por alguns momentos de tensão, o Presidente dos EUA mostrou-se incomodado com as perguntas sobre a forma como tem conduzido a política norte-americana no Médio Oriente, e em particular sobre o recente reforço de influência por parte da Rússia.
Depois de ter recordado que Barack Obama disse há um ano que "a América lidera", e que é "uma nação indispensável", o jornalista Steve Kroft disse que "o Sr. Putin parece estar a desafiar essa liderança".
"Se você acha que dar cabo da economia e ter de enviar tropas para apoiar o seu único aliado é liderar, então nós temos uma definição diferente de liderança", respondeu o Presidente dos EUA.
Mas o jornalista pressionou: "Os russos estão a realizar operações militares no Médio Oriente pela primeira vez desde a II Guerra Mundial."
"Quando eu cheguei à Casa Branca, a Ucrânia era liderada por um governante corrupto que era um subordinado do Sr. Putin. A Síria era o único aliado da Rússia na região. E hoje, em vez de contar com o apoio [da Síria] e manter a base que tem no país — e que já tem há muito tempo —, o Sr. Putin está a enviar as suas próprias tropas, só para manter o seu único aliado por um fio", contrapôs Barack Obama.
A entrevista do Presidente dos EUA foi transmitida na noite de domingo (madrugada desta segunda-feira em Portugal), mas foi gravada na terça-feira da semana passada.
Também na noite de domingo, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu uma entrevista ao canal Rússia 24, onde disse que o objectivo militar de Moscovo é "estabilizar a legítima autoridade" do Presidente sírio, Bashar al-Assad, para "criar as condições para um compromisso político".
Putin disse que as forças do regime sírio estavam "cercadas", e que as forças rebeldes estavam "às portas de Damasco", o que poderia levar a que "grupos terroristas" assumissem o poder na Síria.