Centenas de milhares desfilaram em Berlim contra acordo de comércio livre EUA/UE
Manifestantes consideram que a parceria vai baixar os padrões ambientais e da segurança alimentar e ter um impacte negativo nas leis do trabalho.
Segundo os organizadores — uma aliança de grupos ambientalistas, grupos de cidadãos e partidos da oposição — participaram 250 mil pessoas. "Este foi o maior protesto que este país viu em muitos anos", disse Christoph Bautz, director do movimento de cidadãos Campact. A estimativa da polícia — que foi mobilizada em força, mil homens vigiaram o protesto — deu um número menor, 100 mil pessoas.
Seja qual for o número final, o nível de oposição ao tratado apanhou de surpresa a chanceler Angela Merkel, que o defendera com o argumento de que criará um mercado de 800 milhões de pessoas e que será um factor de equilíbrio para o poder comercial e de investimento da China na Europa.
A oposição a este tratado cresceu no último ano na Alemanha, com os críticos a considerarem que a parceria transatlântica dará demasiado poder às grandes empresas multinacionais e prejudicará os trabalhadores e os consumidores.
"O que mais me preocupa é não querer que as nossas leis de consumo sejam suavizadas", disse Oliver Zloty, um dos participantes, à Reuters. "Eu não quero ver instalada uma ditadura empresarial", referiu Dieter Bartsch, líder da bancada parlamentar do Partido da Esquerda, que expressou a sua preocupação pelo secretismo nas negociações deste tratado. "Temos que saber o que está a ser decidido", disse.
Os manifestantes gritaram frases como "Sim, podemos - Não ao TTIP".
Mas não só na Alemanha decorreram protestos contra esta parceria. Estavam agendadas manifestações em mais de cem cidades da União Europeia, no culminar da semana de contestação ao TTIP organizada pelos organismos que se opõem a ele na Europa. As negocciações entre os EUA e a UE entraram na 11.ª ronda.