Exército afegão recupera Kunduz mas com a ajuda de tropas da NATO
Taliban prometem "estender a guerra a outras regiões". "Se conseguimos tomar Kunduz, não será difícil tomarmos Cabul", disse um responsável do grupo radical islamista.
Esta vitória do Exército não é, por isso, uma grande vitória para o Governo de Cabul, liderado pelo Presidente Ashraf Ghani, que teve a juda de forças especiais da NATO (compostas por militares dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha) e da aviação americana.
Na manhã desta quinta-feira, as forças especiais afegãs controlavam a cidade, segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Sediq Sediqqi, que escreveu no Twitter que Kunduz foi reconquistada através de "uma operação especial" e depois de violentos combates.
Um habitante da cidade disse que ainda decorrem combates esporádicos e que, em alguns bairros, há corpos de combatentes taliban.
A NATO terminou a sua missão de combate no Afeganistão no final do ano passado, depois de uma aliança liderada pelos Estados Unidos ter tirado os taliban do poder onde estiveram entre 1996 e 2001. Permaneceram no país 13 mil militares com a missão de aconselhamento e treino. Porém, e perante o avanço dos radicais, americanos, britânicos e alemães participaram na operação.
Nos três dias que durou a ocupação, milhares de pessoas fugiram de Kunduz. A tomada da cidade pelos taliban teve um carácter simbólico: ocorreu um ano após a chegada à presidência de Ghani, eleito com a promessa de manter a paz e de estabilizar o país com um governo de unidade, depois de 30 anos de conflitos.
Kunduz foi a última cidade a ser abandonada pelos taliban, que quiseram tomá-la na sua primeira grande ofensiva territorial desde 2001. A operação serviu também para mostrar que a liderança do grupo está consolidade com o mullah Akhtar Mansour, escolhido depois do recente e tardio anúncio da morte, em 2013, do mullah Omar.
O responsável taliban no Paquistão disse que a tomada de Kunduz foi "uma grande vitória" e que o grupo vai "estender a guerra a outras regiões". "Cabul está a 340 quilómetros. Se conseguimos tomar Kunduz, não será difícil tomarmos Cabul", disse.