O Bloco foi ouvir os jovens: aos 16 anos já deviam votar
“As gerações mais novas não podem ser a mão-de-obra de segunda do país e do resto da Europa”, diz Catarina Martins aos alunos da Escola de Hotelaria de Fátima.
No fim da visita às instalações desta escola, onde andam 320 alunos, há uma sessão e Catarina Martins desafia os jovens que tem à sua frente (cerca de 70) a expressarem as suas preocupações. Para variar, desta vez, a porta-voz ficaria calada e eles fariam as perguntas, partilhariam as reflexões sobre o país, sobre o futuro.
Catarina Martins garante que quer ouvi-los, mesmo que muitos ainda não votem – a maior dos alunos que frequentam esta escola profissional têm entre 15 e 18 anos. Tal como está no programa, o BE defende que se devia votar a partir dos 16 anos. Então, se já têm idade para trabalhar, responsabilidade criminal, se já podem ser chamados para cumprir serviço militar, por que razão não têm ainda direito ao voto?, questiona a porta-voz.
E, se no início, era só inibição, com tantas câmaras de filmar e repórteres à volta, no fim, os jovens esquecem-se e vão ter com Catarina Martins. Fazem perguntas, contam histórias, como a de uma das alunas que falou do pai, da reforma, dos descontos. Outros abordam as vantagens e desvantagens da legalização da canábis – que o Bloco também defende.
“O que é que vocês acham que é preciso fazer no país?”, pergunta-lhes Catarina Martins. O primeiro aluno a intervir fala de questões ambientais. Catarina Martins concorda: há barragens a mais em Portugal. Critica o Plano Nacional de Barragens e recorda que já levaram várias vezes o tema à Assembleia da República.
Emigrar?
Os impostos sobre o sector da hotelaria e da restauração foram outro dos temas abordados. E, claro, as perspectivas que sobre o futuro em Portugal, o receio do desemprego. “A hipótese de ir para fora está bastante aberta. Não sei se o melhor é ficar cá devido à situação do país”, diz-lhe um aluno. A colega corrobora: “Penso em continuar a estudar ou, então, emigrar, o país não está muito bem. Queria ser hospedeira de bordo, ir para um cruzeiro, aprender melhor o Inglês.”
Catarina Martins incentiva-os a continuar a estudar, as estatísticas ainda mostram que o futuro é mais risonho para quem tem mais qualificações. E garante-lhes que o Bloco quer mexer no mercado laboral: combater os baixos salários, os abusos de estágios profissionais, de falsos recibos verdes, não permitir tanta discrepância salarial numa mesma empresa, defender as 35 horas de trabalho semanais, a reforma ao fim de 40 anos de descontos. “As gerações mais novas não podem ser a mão-de-obra de segunda do país e do resto da Europa”, diz a porta-voz.
Esta é uma escola, garante a direcção, que tem procura e que todos os anos deixa de fora uma média de cem alunos. O grande “sonho”, diz o director Francisco Vieira, é construírem um edifício novo, este está lotado. Já têm o projecto todo no papel, falta o financiamento – 10 milhões – para o qual esperam contar com fundos comunitários.
Durante a visita às cozinhas, onde cheirava a doces, salas de aulas, onde se aprendia enologia, Catarina Martins vai sendo guiada pelo director e pela supervisora técnica, Elisabete Marques. “Agora, pode virar à esquerda.” “Agora, é à esquerda, por favor.” O cabeça de lista pelo distrito de Santarém (em 2011, o BE não elegeu qualquer deputado por este círculo eleitoral), Carlos Matias, brinca: “Estou a gostar muito desta visita, vira-se muito à esquerda.”
Elisabete Marques vai contando: a escola fornece 250 refeições a escolas do 1.º ciclo e do pré-escolar. Já houve tempos em que chegaram a ser 1300. A responsável garante, no entanto, que a diminuição se deve apenas a questões de gestão interna.
Além desta escola, a associação sem fins lucrativos Insignare tem ainda outro pólo em Ourém, dedicado à mecânica. Juntas, acolhem 613 alunos.
Para Catarina Martins, “o PS é a desilusão destas eleições”