Os tronos de Santo António renasceram este ano, e a sua memória ficou guardada em livro

Em resposta ao desafio lançado, 66 Tronos de Santo António foram construídos por moradores de Lisboa, agora reunidos em livro.

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Grupo de Crianças Renovar a Mouraria Irene Perea
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A Arte da Terra - Sé-Castelo Rui Cunha
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Alexandre M.C.Roque - Amoreiras-Estrela Rui Cunha
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Anabela Conceição Neiva Moisés - Sé-Castelo Rui Cunha
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Associação de Pensionistas, Reformados e Idosos da Freguesia das Mercês Rui Cunha
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CAF Quinta dos Frades, Junta Freguesia do Lumiar Rui Cunha
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Café Golfinho - Santos Rui Cunha
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Carina Alexandra Gomes Pascoal - Sé Castelo Rui Cunha
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Grupo Desportivo Adicence-Manuel Inácio Rui Cunha
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Idalécio Jorge de Almeida-Sé, Castelo Rui Cunha
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Igreja de Santo Estevao - Edite Fróis Rui Cunha
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Rosalina Mendonça Rui Cunha
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Rui Miguel da Costa Sé-Castelo Rui Cunha
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Levantamento das estruturas no museu de Lisboa - Santo Antonio Rui Cunha
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Junta de Freguesia da Estrela Rui Cunha
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Leitaria Mascote da Madragoa Rui Cunha
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Obra O Nazareno IPSS - Marvila Rui Cunha
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Ricardo Hogan Rui Cunha
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Tomás Colaço - Santos Rui Cunha
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Vânia Sofia Pinto Simões Rui Cunha

As obras populares resultaram de um desafio lançado, pela primeira vez, no âmbito das Festas de Lisboa, pela EGEAC (Empresa municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural), em parceria com a Câmara de Lisboa e o Museu de Lisboa – Santo António. A ideia era reavivar a tradição, antes muito comum nos bairros populares da cidade, de construir altares domésticos, conhecidos como tronos, em honra de Santo António.

Assim, aos lisboetas foram dadas as estruturas de tronos para que sobre estas derramassem a sua criatividade, a sua homenagem ao santo padroeiro da capital, para posteriormente os colocarem à porta de casa.

O desafio resultou em 66 tronos por toda a cidade de Lisboa, desde São Bento, Ajuda, Estrela e Amoreiras, passando por Benfica, Lumiar e Arroios, até ao Parque das Nações e Marvila, em direcção à Graça, à Sé e ao Castelo de São Jorge, terminando na Baixa Pombalina, Cais do Sodré, Chiado e Santos.

“Foi um projecto-piloto, quase sem publicidade”, salientou Joana Gomes Cardoso, presidente do Conselho de Administração da EGEAC, na apresentação do livro. Para além de recuperar uma tradição, teve o objectivo de cruzar gerações e de estimular a criatividade, referiu. “Vai sem dúvida constar nas próximas Festas de Lisboa”, adiantou a responsável.

Pedro Teotónio Pereira, coordenador do Museu de Lisboa, aproveitou a apresentação do livro para contar a história dos tronos, uma “tradição profundamente enraizada” na cultura de Lisboa. Depois do terramoto de 1755 destruir quase totalmente a Igreja de Santo António, a população mobilizou-se para a sua reconstrução, incluindo “os mais novos”, explicou. Nasce assim o pedido do "milreizinho para o Santo António" - destinados à obra na igreja -, que seria depositado no trono. Agora, tantos séculos depois, a tradição ganhou fulgor e os tronos que resultaram desta iniciativa constituem um “circuito pelos bairros de Lisboa”, por estarem por toda a cidade, adiantou o responsável do Museu de Lisboa.

“Foi uma experiência enriquecedora”, classificou Paulo Álvares, da Associação Grupo Gente Nova. Desde uma criança de três anos a um paquistanês de 12, “o projecto contou com pessoas de todas as idades”, salientou. O responsável não escondeu a importância da sua participação neste desafio, pelas memórias que tem da sua infância e da importância que Santo António tem para si.

Um grupo de amigas da Madragoa que se encontra amiúde, teve um dia a ideia de reavivar a infância passada no bairro perto de Santos. Foi uma feliz coincidência quando uma delas viu no jornal que iam ser disponibilizadas estruturas para a reconstrução dos Tronos de Santo António. E o desafio foi abraçado com entusiasmo.

Acabaram por ser 12 os tronos que Madragoa “levou para casa”. Enfeitados por doze “senhoras séniores” e três jovens, foram expostos por vários comércios locais, como o cabeleireiro ou um “restaurante de luxo” do bairro. “Disseram-me que eu não fazia ideia de quantos turistas tiraram uma fotografia ao meu trono”, contou ao PÚBLICO uma das senhoras do grupo. Tintas, papéis e panos foram alguns dos materiais que utilizaram para enfeitar o Santo, uma empreitada que foi do fim de Abril até ao fim de Maio.

Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura, destacou a importância de “promover a cultura” dos povos da cidade e salientou a dimensão popular do Santo António. O desfio foi lançado também para que “para que a própria cidade conheça melhor o santo que é seu padroeiro”, associando o culto de Santo António às Festas de Lisboa e projectando-o para moradores e turistas.

Texto editado por Ana Fernandes

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