Juncker propõe redistribuição de mais 120 mil refugiados pela UE

Plano do presidente da Comissão Europeia prevê criação de mecanismo permanente para realojamento dos que chegam às fronteiras europeias

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refugiado sírio que fuguiu de Alepo à chegada à Grecia com a filha ao colo Dimitris Michalakis/reuters

A nova meta, adiantada por fontes comunitárias a vários jornalistas, faz parte de um plano que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, vai apresentar quarta-feira ao Parlamento de Estrasburgo para responder ao agravamento da crise migratória e aliviar os países de chegada. Uma das novidades em relação ao plano inicial é a inclusão dos refugiados que chegam à Hungria – onde milhares aguardam por uma oportunidade para chegar à Alemanha – na lista dos que precisam de ser realojados (em Julho falava-se apenas dos que se encontram na Itália e Grécia). Uma mudança, sublinha o Financial Times, destinada a suavizar a oposição de vários países, sobretudo de Leste, às propostas de redistribuição.

Juncker insiste também na criação de um mecanismo permanente para redistribuir automaticamente os refugiados, a fim de evitar o constante debate sobre a divisão de esforços perante situações de emergência. Uma ideia apoiada pela França e Alemanha que anunciaram, nesta quinta-feira, ter decidido apresentar em Bruxelas uma proposta conjunta para que sejam adoptadas “quotas obrigatórias na UE para a partilha de responsabilidades”. “Ao mesmo tempo que dizemos que a Itália e a Grécia não podem lidar sozinhas com esta tarefa, também dizemos que não podem ser só três países, a Suécia, a Áustria e a Alemanha, a assumir a fatia de leão” do acolhimento, defendeu a chanceler alemã, Angela Merkel.

A Comissão Europeia pretende também entregar aos Estados uma lista de países considerados seguros, o que na prática visa acelerar a recusa de pedidos de asilo aos que daí chegam, e que incluirá, entre outros, os Estados candidatos à adesão à UE. Igualmente prevista está a criação de um fundo destinado a apoiar a estabilização de países africanos, a fim de desencorajar os que emigram por razões económicas.

A emoção provocada pelas fotografias do menino sírio que morreu num naufrágio quando a família tentava chegar à Grécia levou vários dirigentes a admitir que é preciso fazer mais para responder a esta crise humanitária, apesar de manterem a oposição a um mecanismo de quotas. “Não podemos acolher imigrantes económicos, mas temos a obrigação moral de aceitar refugiados”, disse a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, que até agora se opunha aos planos de redistribuição.

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