A noite em que Kanye West anunciou que é candidato a presidente
Estes foram os Prémios MTV dele e de Miley Cyrus: sem filtro, sem decoro, para o bem e para o mal.
A cerimónia dos MTV Video Music Awards – o equivalente à noite dos Óscares para um público adolescente – costumava viver de actuações exuberantes, mas nem Bieber, nem Taylor Swift (que ganhou mais prémios do que qualquer outro nomeado), nem a música, que é o que se pretende celebrar, saíram vencedores no domingo à noite.
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Estes foram os Prémios MTV em que o que contou foi a forma como músicos – ou melhor, celebridades – desavindos se reconciliaram em palco ou ostentaram rixas pessoais de uma forma muito pública. É oficial: seis anos depois de Kanye West ter arrancado o microfone das mãos de uma emergente Taylor Swift para dizer que o prémio que ela acabara de ganhar deveria ter ido para Beyoncé, a cantora e o rapper são amigos.
Coube a Taylor Swift entregar a West o prémio de carreira – intitulado Michael Jackson Video Vanguard –, não sem antes lembrar o episódio de 2009 e notar que é “fã dele” desde que se lembra e que o primeiro álbum que comprou no iTunes, quando tinha 12 anos, foi College Dropout, o primeiro álbum do rapper.
West teve o seu momento de humildade admitindo que desrespeitou outra artista. Não acontece todos os dias, o bombástico e desbocado Kanye West a mostrar remorso. Mesmo que não tenha respondido à sua própria pergunta sobre se voltaria a fazer tudo de novo. A sua versão dos acontecimentos: só fez o que fez para defender artistas em que acredita contra as injustiças do sistema; afinal, nesse mesmo ano, ele vira um homem adulto, Justin Timberlake, chorar nos Grammys por ter perdido. “Ele merecia ganhar o Álbum do Ano.”
E, caso alguém estivesse a perguntar se Kanye West tinha “fumado alguma coisa” antes da cerimónia, ele esclareceu, logo ali, que sim, antes de anunciar que se vai candidatar a presidente dos Estados Unidos em 2020 – anúncio que alguns media noticiaram como se fosse sério.
Estes foram os Prémios MTV dele e de Miley Cyrus: sem filtro, sem decoro, desafiando o protocolo e colocando o politicamente correcto e as expectativas – do público, dos censores televisivos que transmitem cerimónias “em directo” com atraso para poder controlar o conteúdo – em permanente corda bamba, para o bem e para o mal.
Miley Cyrus apresentou a cerimónia dois anos depois de ter protagonizado uma polémica nos mesmos prémios dançando twerk em palco, fazendo soar o alarme de muitos pais americanos com filhos adolescentes e da comunidade negra que não gostou de ver uma branca apropriar-se de uma expressão inerente à sua cultura.
Kanye e Miley são garantia de controvérsia, um valor inestimável numa época em que acontecimentos como a entrega dos Prémios MTV já não são consumidos exclusivamente via televisão mas são uma experiência colectiva partilhada em directo no Instagram, no Twitter, no Facebook, e onde quer que os jovens estejam a comunicar online hoje em dia.
Nicki Minaj parece querer juntar-se ao clube de Kanye e Miley. Ao aceitar o prémio de melhor vídeo de hip-hop dirigiu-se directamente a Miley Cyrus tratando-a por bitch, com ar de quem queria brigar. Numa entrevista ao New York Times na semana passada, Miley Cyrus criticou Nicki Minaj por ter acusado os prémios MTV de racismo.
Miley, que estava noutra zona do palco, respondeu: “Fazemos todos parte da indústria, todos fazemos entrevistas, todos sabemos como eles manipulam merdas.” Nicki reagiu com um ar zangado: “Não brinques comigo, bitch”. Mas já ninguém a ouviu porque Miley continuou com o espectáculo.