Coreia do Norte ameaça novos ataques se Seul não desligar altifalantes

Norte e Sul trocaram disparos de artilharia pesada por causa dos altifalantes anti-regime dos sul-coreanos. Seul promete que emissões vão continuar.

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Imagens de um exercício militar do exército sul-coreano próximo da zona desmilitarizada Ed Jones/AFP

A Coreia do Norte não respondeu militarmente aos obuses do Sul, mas, horas depois da breve troca de disparos, Pyongyang fez um ultimato ao vizinho: se não interromper as emissões anti-regime na fronteira, o Norte voltará a tomar medidas militares. Isto apesar de o regime estar disposto a “ter abertura para resolver o conflito”, de acordo com o Ministério da Defesa de Seul. A Coreia do Sul recusou já terminar as emissões.

Seul aumentou o alerta do seu exército para o nível mais elevado. “As nossas forças armadas intensificaram a sua monitorização e estão a vigiar atentamente os movimentos do exército norte-coreano”, disse o ministro da Defesa da Coreia do Sul, citado pela Reuters. A Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, disse às altas patentes do exército para "reagirem com firmeza” a qualquer provocação de Pyongyang.

O primeiro disparo vindo do Norte utilizou uma munição de 14,5 milímetros, antiaérea, e foi seguida de vários tiros de artilharia de 76,2 milímetros, perto de vinte minutos depois. O exército sul-coreano disparou dezenas de balas de calibre 155 contra aquilo que estimou ser o local de lançamento do ataque norte-coreano. Nenhum dos ataques fez feridos ou danos graves, embora o Governo sul-coreano tenha ordenado a saída de cerca de 100 pessoas de uma área residencial próxima da zona ocidental da fronteira. 

A Coreia do Sul retomou as emissões de mensagem anti-regime no dia 10 de Agosto, algo que não fazia desde 2004. As emissões são uma retaliação do Sul à explosão, no início do mês, de uma mina na zona desmilitarizada que divide os dois países. Dois soldados sul-coreanos ficaram feridos e, apesar de o Norte recusar responsabilidade, Seul acusa-o de ter plantado a mina. Pyongyang diz que as emissões equivalem a uma declaração de guerra e, também em retaliação, retomou as suas próprias mensagens de propaganda voltadas para o Sul da fronteira dois dias depois de o seu vizinho o fazer.

Há mais uma razão para as tensões renovadas entre Norte e Sul. Segunda-feira foi o primeiro dia de novos exercícios militares dos exércitos norte-americano e sul-coreano, que periodicamente ensaiam cenários de uma invasão vinda do Norte. Pyongyang diz que os exercícios são um acto de guerra e que visam preparar um ataque no seu território. Na semana passada, o regime exigiu que os exercícios não fossem por diante e ameaçou com “o mais forte contra-ataque militar” em caso de incumprimento. 

A Coreia do Norte lança frequentemente pequenos ataques ao exército sul-coreano, especialmente em períodos de exercícios militares. Mas respostas armadas do Sul são mais raras. A última troca de tiros entre os dois países aconteceu em Outubro, novamente sem vítimas. Soldados do Norte aproximaram-se então da zona desmilitarizada e iniciaram uma pequena troca de tiros como resposta aos disparos de alerta lançados pelo exército sul-coreano.

A explosão da mina na fronteira no início do mês, que mutilou os dois soldados sul-coreanos, fez com que Seul alterasse as suas regras de ataque. Os seus soldados deixaram de ter de disparar tiros de aviso caso avistem militares do Norte dentro da zona desmilitarizada. 

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