Esta adaptação do romance de James Jones sobre o quotidiano de um batalhão de infantaria estacionado no Havai nos meses anteriores ao ataque japonês a Pearl Harbor é o exacto tipo de filme feito “à medida” do Óscar, mesmo que de modo menos cínico e certamente com um coeficiente de risco bem maior do que um estúdio aceitaria hoje.
A célebre cena do beijo apaixonado da praia entre Deborah Kerr e Burt Lancaster desafiou abertamente o código Hays, Fred Zinnemann impôs a película a preto e branco contra o desejo do estúdio, Frank Sinatra suou as estopinhas para conseguir o papel secundário que o relançou como actor mas que ninguém lhe queria dar. Mas nada disso tira a Até à Eternidade o ter um pé na formatação do grande melodrama clássico e outro na liberdade trazida pela escola do Método e dos palcos nova-iorquinos, sem nunca assumir qual quer escolher.
A presença inquieta e carismática de Montgomery Clift sugere um filme mais escuro e perturbante do que realmente é, o profissionalismo impecável do studio system nem sempre se entrosa com a angústia existencial dos soldados de carreira que lhe estão no centro. Revê-lo no grande écrã (numa reposição desnecessária e inexplicável, apenas dois anos após a sua última exibição em sala, quando haveria tanta coisa mais urgente para repor) apenas confirma o que mudou em Hollywood nos 60 anos desde a sua estreia.
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