Financiamento da campanha de 2016 nos EUA já está nos 250 milhões de euros
Documentos oficiais mostram vantagem dos republicanos sobre os candidatos democratas na recolha de donativos através dos comités de acção política. Só o antigo governador da Florida, Jeb Bush, já arrecadou mais de 100 milhões de dólares.
Segundo as contas apresentadas à Comissão Eleitoral Federal (FEC), as contribuições financeiras dos PAC e outras organizações externas às candidaturas ultrapassaram os 272 milhões de dólares (quase 250 milhões de euros), só nos primeiros seis meses de 2015. Entre os financiadores encontram-se os suspeitos do costume, que vão desde empresas ligadas a Wall Street e Silicon Valley, os gigantes do petróleo – alguns dos quais começaram a apoiar algumas campanhas antes mesmo da formalização das candidaturas.
Além dos grandes financiadores institucionais, os documentos submetidos junto da FEC identificam pelo menos 60 indivíduos que passaram um cheque superior a um milhão de dólares aos PAC e super-PAC. Pela lei, estas organizações são independentes das candidaturas: elas existem para a promoção de causas, pelo que não são abrangidas pelos limites impostos aos donativos eleitorais. A sua única “limitação” consiste na impossibilidade de articularem a sua acção política com as direcções das campanhas.
Os documentos mostram que os PAC ajudaram os candidatos a suportar despesas em viagem (aviões privados, quartos de hotel, refeições), em sondagens e outros inquéritos ou pesquisas de opinião; aluguer de escritórios, material de campanha - desde páginas na Internet até panfletos e brindes) ou ainda em honorários de consultores, advogados e todo o tipo de especialistas.
A campanha das primárias pela nomeação presidencial republicana, que conta com 17 candidatos, é aquela que movimenta mais dinheiro. A concorrência pode estar por trás da “agressividade” com que os principais financiadores conservadores estão a investir nos diferentes concorrentes – segundo as contas da CNN, no primeiro semestre de 2015, já houve nove indivíduos a gastar mais de cinco milhões de dólares para apoiar os seus candidatos (em 2012, só seis contribuintes republicanos excederam esse limite, em toda a campanha).
Por enquanto, o campeão dos donativos individuais é o senador republicano do Texas, Ted Cruz. Candidato popular mas sem ligações ao establishment, a sua cuja campanha mereceu uma contribuição de 11 milhões de dólares do gestor de fundos nova-iorquino Robert Mercer, e outra de 10 milhões do investidor em petróleo Toby Neugebauer . No total, o super-PAC que apoia Cruz – Keep the Promise – já recebeu quase 38 milhões de dólares.
No entanto, em termos absolutos, quem arrecadou mais dinheiro até agora foi Jeb Bush, que procura prolongar a dinastia Bush na Casa Branca a partir da sua base na Florida. Os dois super-PAC constituídos em apoio da sua campanha – Right to Rise USA e Right to Rise PAC – registaram donativos no valor de mais de 108 milhões de dólares. Entre os doadores estão doze financiadores do “clube” do milhão de dólares, e mais de 20 que contribuíram com 500 mil dólares.
Sanders recusa dinheiro dos PAC
No lado democrata, o panorama é diferente: ao contrário dos conservadores, os candidatos têm procurado o financiamento directo às campanhas, com alguns nomes, como por exemplo o senador independente do Vermont, Bernie Sanders, a recusar dinheiro vindo dos PAC.
Segundo os documentos entregues na FEC, 80% dos montantes arrecadados pelos candidatos democratas foram entregues às campanhas e não a uma entidade externa – aliás, apenas 9% dos fundos canalizados para os PAC desde o início de 2015 sustentam políticos democratas.
A ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, que conta com o apoio do super-PAC “Priorities USA”, “joga” numa divisão acima da dos seus concorrentes pela nomeação presidencial, mas “perde” claramente para os seus adversários republicanos – o seu grupo “só” declarou 15,6 milhões de dólares em donativos.