Taliban já elegeram sucessor para mullah Omar
Akhtar Mohammad Mansour, até agora tido como o número dois de Omar, na prática já chefiava o movimento. OsTaliban do Afeganistão confirmaram a morte do fundador.
"A direcção do emirado islâmnico [como se autodesignam os talibans] e a família do mulllah Omar anunciam a morte por doença do seu fundador e líder", diz um comunicado enviado à AFP. Não diz quando ocorreu a morte, mas afirma que a sua saúde "se deteriorou nas duas últimas semanas", o que sugere que o óbito terá sido mais recente do que Abril de 2013, a data avançada pelos serviços secretos paquistaneses.
Quanto à sucessão, não há surpresas. “A shura [conselho de líderes] realizada nos arredores de Queta [no Sul do Paquistão, onde está sediado o principal e mais antigo conselho dos taliban] elegeu o mullah Mansour como novo emir dos taliban”, disse à agência de notícias um comandante que afirma ter estado presente no encontro, na quara-feira à noite.
A escolha é bastante óbvia. Mansour é Akhtar Mohammad Mansour, até agora tido como o número dois de Omar, mas que, na prática, já liderava o movimento fundado em 1994. É Mansour que tem falado em nome do líder, nomeadamente para garantir que o chefe do movimento autorizava as negociações de paz iniciadas este mês com o Governo do Presidente afegão, Ashraf Ghani.
Antigo ministro da aviação quando os taliban estiveram no poder (1996-2001), Mansour é considerado um pragmático e tem o apoio de muitos membros dos Durrani, a grande tribo da etnia maioritária afegã, os pashtun.
A segunda ronda destas conversações, inicialmente prevista para acontecer já na sexta-feira, no Paquistão, foi entretanto adiada.
“Tendo em conta as notícias sobre a morte do mullah Omar e a consequente incerteza que estas geraram, a segunda rondas das negociações de paz afegãs foi adiada a pedido da liderança taliban”, informa o Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês, num comunicado.
Omar não era visto em público desde o final de 2001, quando a oposição taliban derrotou o seu exército com a ajuda dos bombardeamentos norte-americanos. Os EUA decidiram intervir no país depois dos atentados do 11 de Setembro, quando o emir taliban recusou retirar a protecção que oferecera anos antes ao então líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.
A notícia da morte de Omar já tinha sido avançada pelo menos três vezes e sempre desmentida. As duas primeiras aconteceram pouco depois da fuga do Sul do Afeganistão para as regiões fronteiriças do Paquistão, quando os EUA ainda bombardeavam suspeitos esconderijos com a intenção de matar Bin Laden e Omar.
Mais recentemente, em 2011, Cabul anunciou que os paquistaneses tinham assassinado o mullah dos taliban depois da operação norte-americana que matou Bin Laden no Paquistão.
Agora, foram os serviços secretos afegãos que garantiram ter a certeza que Omar está morto – terá morrido em Abril de 2013, internado num hospital de Carachi. À quarta, parece ter sido mesmo de vez.