Tutela não sabe quantas obras estão perdidas
Chiado tinha previsto um levantamento para publicação posterior de um catálogo raisonné da Colecção SEC.
“Havendo diferentes núcleos, momentos de aquisição, entidades com depósitos, empréstimos, protocolos relativos a obras de arte contemporânea, etc, o que conseguimos apurar é que em várias informações internas se fala, reiteradamente, em 1115 obras e apenas uma vez se fala em 1271. Com mais algum tempo, poderíamos confirmar com mais precisão”, lê-se no email que o novo director-geral das Artes, Carlos Moura-Carvalho fez esta quinta-feira chegar ao PÚBLICO.
Da mesma forma, a DGA não sabe precisar quando foi actualizada pela última vez a informação constante no “dossier verde” relativo à colecção. “Pelos dados que estão em nossa posse, foi actualizada pela última vez em 2008 na sequência da elaboração de um relatório por grupo de trabalho constituído, nesse ano, pela DGA e pelo então Instituto dos Museus e da Conservação”, lê-se no mesmo email. Que acrescenta: “Desconhecemos se foi, entretanto, nomeadamente nos últimos dois anos com a afectação à DGPC, efectuada uma nova actualização.”
Não é claro porque ao longo das últimas semanas qualquer informação existente pudesse não passar entre os dois organismos, ambos tutelados pela Secretaria de Estado da Cultura. O PÚBLICO sabe que terá havido algum trabalho feito pela DGPC e que este terá sido feito chegar ao Museu do Chiado. Não porém no sentido de localização de peças. Essa seria uma etapa de trabalho agendada pelo Chiado para o período de preparação de um catálogo raisonné da Colecção SEC previsto para o pós-exposição inaugural da nova ala do museu.
Também no Chiado poderão estar três “dossiers” relativos à colecção cuja consulta o PÚBLICO pediu inicialmente à DGPC e depois à DGA. O “dossier verde” e o “dossier cinzento” da DGA foram os únicos a que foi dado acesso.
Em relação aos documentos constantes do “dossier cinzento”, com o historial de protocolos relativos à colecção SEC, a DGA não consegue também esclarecer a ausência da lista de obras em depósito por 30 anos em Serralves. “Não podemos confirmar se essa lista não está anexa ao protocolo celebrado com a Fundação de Serralves em 1990 e revisto em 1994, através de uma Adenda. Não obstante, em finais de 2007, a Fundação de Serralves realizou um projecto de inventariação e divulgação do seu acervo, tendo resultado uma listagem com o total de 552 obras identificadas em depósito”, lê-se no email de Carlos Moura-Carvalho.
Já em relação à antiga Colecção IAC, a DGA afirma estar “em depósito no Centro Cultural de Belém”: “Da Colecção IAC constam 37 obras de artistas nacionais e internacionais que estão em depósito no CCB, ao abrigo do protocolo celebrado em 1999, que tinha apensa uma lista de todas as obras adquiridas à data e as aquisições subsequentes também estão em depósito no CCB ao abrigo do mesmo protocolo.”
O email não esclarece a que instalações do CCB se refere. O PÚBLICO sabe no entanto tratarem-se das reservas do antigo Centro de Exposições, agora Museu Berardo, sob administração da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo. Uma entidade jurídica diferente da Fundação Centro Cultural de Belém e com património próprio, decorrente da parceria estabelecida entre o Estado e um privado – o coleccionador Joe Berardo.