Lisboa investe 57 milhões de euros em dois túneis para reduzir cheias

O Plano Geral de Drenagem, que implica um investimento de 169 milhões de euros, vai ser discutido quarta-feira e entrará depois em discussão pública.

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Presidente da câmara diz que nenhum plano poderá eliminar por completo a ocorrência de cheias, mas promete melhorias daqui a quatro anos Joana Bourgard/Arquivo

O essencial deste documento, que resulta da revisão de um plano aprovado pela câmara em 2008, foi dado a conhecer esta segunda-feira em conferência de imprensa. Na ocasião, o presidente do município defendeu que este “é seguramente o projecto mais importante e estruturante das últimas décadas para o futuro de Lisboa” e frisou que o seu grande objectivo é “combater as cheias e as inundações e as consequências que têm na vida das famílias e das empresas”.

Lembrando que os fenómenos de cheia “têm ganho intensidade”, e que a sua frequência “tem aumentado”, Fernando Medina sustentou que o plano a executar vai “reduzir significativamente os riscos de cheias”. “O programa não elimina por completo, como nenhum programa poderá fazer, a ocorrência de cheias”, notou no entanto, falando antes numa “fortíssima redução do número de eventos que passam a ocorrer na cidade”.

A expectativa de Fernando Medina é que “ao fim de cerca de quatro anos” se sintam em Lisboa “os primeiros resultados” do plano que vai agora ser posto em marcha. Esta quarta-feira a câmara discute, numa reunião à porta fechada, uma proposta que visa “aprovar submeter a discussão pública” o documento, discussão que o autarca quer estender “até ao final de Setembro”.

Até 2030 prevê-se um investimento de 169,174 milhões de euros, dos quais 97,354 milhões serão aplicados até 2020. Segundo o presidente do município, “uma importante fatia” do investimento será suportada com “recursos próprios da câmara”, “fruto da sua situação financeira e da actualização das tarifas de saneamento”. Quanto ao restante, a expectativa do autarca socialista é que seja financiado através de fundos comunitários.

Em nome do consórcio de empresas HIDRA/ENGIDRO, que desenvolveu o plano de drenagem original e a sua revisão, José Saldanha Matos explicou que esta nova versão permite “uma maior protecção de pessoas e bens” do que a anterior. Isto porque, detalhou, são nalguns casos evitadas “obras e intervenções em zonas baixas e ocupadas”, como a “desconexão de colectores” e a construção de reservatórios enterrados de grande dimensão, optando-se antes por “desviar caudais para sítios mais favoráveis, para zonas onde não têm impacto ou têm um impacto menor”.

É nesse sentido que está prevista a construção, entre meados de 2016 e o fim de 2019, de dois túneis. Um deles vai, segundo se explica num vídeo projectado na conferência de imprensa, ligar Monsanto a Santa Marta e Santa Apolónia. Com uma extensão de cerca de cinco quilómetros e um diâmetro de cinco metros, este túnel terá início junto à estação ferroviária de Campolide e término perto do Museu Militar, sendo o troço final até ao rio Tejo executado “em vala aberta”.

De acordo com a câmara, esta obra “vai desviar os caudais pluviais do canal de Alcântara, assim como interceptar e desviar os caudais das bacias das avenidas da Liberdade, Duque de Loulé e Almirante Reis”, beneficiando assim “as ruas de São José, Portas de Santo Antão, Rossio, Martim Moniz, Praça da Figueira e em geral toda a Baixa”. Este túnel, resumiu Fernando Medina, constituirá “uma grande barreira, uma muralha, que limitará o acesso à zona baixa da cidade do fluxo de água”.  

Um segundo túnel, com um quilómetro de extensão, irá ligar o cruzamento da Estrada de Chelas com a Calçada da Picheleira à Rua dos Amigos de Lisboa, junto à Rua do Açúcar, de onde seguirá “em vala aberta” até ao rio.

Além disso, para responder às inundações verificadas na intersecção da Avenida de Berlim com a Avenida Infante D. Henrique, a câmara prevê construir, até meados de 2018, “um colector de reforço” com 2,5 metros na zona. 

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