Procurador-Geral do Egipto morto em atentado no Cairo
Um carro-bomba fez-se explodir quando a escolta de Hisham Barakat passou, perto da sua casa. O Procurador foi levado para o hospital, mas acabou por morrer.
Hossam Abdel Ghaffar, um porta-voz do Ministério da Saúde do Egipto, tinha informado a comunicação social daquele país, pouco tempo depois da explosão do carro-bomba, que o Procurador-Geral tinha sido levado para o hospital de Nozha, no Cairo, para tratar de uma “hemorragia interna”, de um “ombro deslocado” e de um “nariz partido”. Algumas horas depois, o Ministro da Justiça, Ahmed al-Zind, confirmou à agência AFP que Hisham Barakat não tinha resistido aos ferimentos causados pela explosão e morreu.
Para além de Bakarat, outras nove pessoas ficaram feridas, informa a agência noticiosa egípcia MENA, entre “polícias e seguranças” que escoltavam a comitiva e “civis” que se encontravam no local onde carro-bomba se fez explodir, no bairro residencial de Heliopolis. A imprensa local informa que seis dos feridos encontram-se em estado crítico.
O General egípcio Mohamed Gamal disse à AFP que, aparentemente, um engenho explosivo havia sido colocado na parte de baixo de um carro que estava estacionado perto da residência do Procurador e que, ao que tudo indica, foi accionado à distância, no preciso momento em que a escolta passava. A explosão danificou carros e edifícios e deixou algumas árvores do bairro em chamas, tendo provocado uma nuvem de fumo negro que se elevou pelos céus do Cairo, a capital do Egipto.
Hisham Barakat foi nomeado Procurador-Geral em Julho de 2013 por Adly Mansour, o Presidente interino que governou o Egipto após a deposição de Mohamed Morsi. Bakarat liderou, desde essa altura, o polémico julgamento dos membros da Irmandade Muçulmana, declarada “organização terrorista”, nesse mesmo ano. Milhares de pessoas ligadas a este grupo radical foram condenadas a cumprir penas de prisão perpétua e outras, ainda, à pena capital. Entre os condenados à pena de morte está antigo Presidente do país, Morsi.
Em Maio deste ano, as milícias radicais egípcias afectas ao autodenominado Estado Islâmico, tinham incitado os seus partidários e os opositores ao actual Presidente, Abdel Fattah al-Sisi, a atacar os juízes e os políticos do país, como resposta às sentenças decretadas contra alegados jihadistas do grupo terrorista. Centenas de polícias e soldados já foram feridos e mortos, desde 2013, mas o assassínio de Barakat é o primeiro ataque bem-sucedido contra uma figura de destaque do Estado egípcio. Não foi, até ao momento, reivindicado.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egipto publicou esta segunda-feira um comunicado, lamentando a morte de Hisham Barakat e pedindo ajuda e apoio à “comunidade internacional”.
“Uma vez mais, a comunidade internacional tem de enfrentar a ameaça terrorista que o mundo enfrenta”, pode ler-se no comunicado, onde também se condena a “ideologia extremista que une todas as (…) organizações terroristas”.