O candidato que quer ser mais Jeb e menos Bush

Filho de George H. e irmão de George W., o antigo governador da Florida entra oficialmente na corrida para a nomeação republicana — o 11.º candidato até agora.

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Jeb entrou oficialmente na corrida com um anúncio em Miami Carlo Allegri/Reuters

A imprensa sublinha que o seu material de campanha não tem referência ao apelido, que traz notoriedade mas nem sempre a melhor (especialmente depois de Jeb se ter contradito em relação à sua posição sobre a invasão do Iraque ordenada pelo irmão). O logótipo desvendado tem apenas o seu nome, seguido de um ponto de exclamação, e o ano da corrida.

Quando se esperava uma reedição de uma corrida Clinton versus Bush em 2016, esta está longe de ser tão certa. “Os outros candidatos republicanos temeram que a mera presença de Jeb Bush tirasse todo o oxigénio da sala, deixando todos os outros lutando por ar e dinheiro”, comenta o editor de América do Norte da emissora britânica BBC, Jon Sopel. "Isto simplesmente não aconteceu.”

Uma das razões é o seu antigo protegido, também da Florida, Marco Rubio, 44 anos (Jeb tem 62). Os dois estão — e isso foi visível no anúncio de Jeb — a dirigir-se muito a uma fatia com crescente interesse eleitoral nos EUA — a comunidade latina.

Rubio, filho de imigrantes cubanos e de origem modesta, tem como bónus a sua história de sucesso — o filho do funcionário de hotel e da empregada de hotel que consegue o sonho americano e uma carreira de sucesso. Bush, que conheceu a sua mulher Columba aos 17 anos quando estudou no México, falou num comício cheio de música latina e salsa.

No discurso, usou inglês e espanhol. “Em qualquer língua, a minha mensagem será optimista porque estou certo de que podemos fazer as próximas décadas na América a melhor época para estar vivo neste mundo”, declarou. 

Jeb invoca uma história de sucesso económico do estado da Florida enquanto foi governador (1999-2007). Em especial por oposição ao presente, considerou. “O nosso país está num rumo muito mau. E a questão é: o que vamos fazer em relação a isso? E eu decidi: sou candidato à presidência dos Estados Unidos.” 

Se a imprensa se tem focado nas desventuras da quase-certa candidata democrata, Hillary Clinton, cuja campanha luta contra uma imagem de rigidez e de afastamento dos “americanos comuns”, também Jeb Bush começou já com alguns revezes, despedindo o chefe da campanha antes ainda de esta ter começado, e não conseguindo capitalizar a sua experiência política (muitos republicanos acham-no demasiado moderado).

Até o facto de ser um peso pesado na Florida não parece estar a ter a vantagem que poderia — Marco Rubio, do mesmo estado, aparecia empatado com Bush na última sondagem a eleitores republicanos, ambos com 9%, em segundo lugar a seguir ao neurocirurgião Ben Carson (11%). Carson estreia-se numa candidatura a um cargo público e orgulha-se de um estilo pouco convencional — ficou conhecido depois de criticar o programa de saúde Obamacare numa cerimónia em frente ao Presidente. No entanto, analistas sublinham que terá dificuldade em manter esta popularidade e a sua falta de experiência é um grande handicap.

Jeb apresentou as primárias do seu partido com 11 candidatos declarados e quatro prováveis, havendo quem antecipe que possam chegar mesmo às duas dezenas — como mais interessantes do que as dos rivais democratas  com quatro candidatos oficiais e um provável. “Não é a vez de ninguém” ser Presidente, disse, numa farpa a Hillary Clinton.

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