E tudo o Governo recusou, queixa-se António Costa sobre a TAP

Líder socialista retribui acusação de Passos de que o PS é “arrogante” lembrando que o executivo recusou todas as soluções que o PS apresentou para a TAP.

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António Costa Daniel Rocha

“O Governo tem gerido particularmente mal processos que requeriam grandes consensos políticos e onde era possível haver grandes consensos políticos. Os casos da TAP, da Carris, do Metro são absolutamente exemplares”, disse António Costa aos jornalistas no final do Fórum das Políticas Públicas, no ISCTE. O socialista realçou que as câmaras de Lisboa e do Porto ofereceram ao Governo uma “solução para a resolução da questão dos transportes públicos nas duas cidades”, mas este recusou.

Tal como fez o mesmo com as três propostas do PS. O partido, descreveu Costa, propôs um pedido a Bruxelas para permitir o reforço do capital da TAP, como outros países fizeram com as suas companhias de bandeira – o Governo recusou. Propôs o reforço do capital através da dispersão do capital em bolsa – e o Governo recusou. “O PS ainda foi mesmo ao ponto de dizer que, no limite, estaria disponível para aceitar que houvesse uma privatização parcial em que o Estado mantivesse a maioria do capital e que nunca fosse alienado mais de 49% - e o Governo também recusou.

“O Governo recusa tudo, não quer compromisso nenhum”, apontou o líder do PS. “O Governo tem uma teimosia e um radicalismo ideológico que estão a conduzir a TAP, e os transportes púbicos de Lisboa e do Porto, para uma situação extremamente negativa para o futuro do país”, criticou Costa.

“O Governo ainda está a tempo de emendar a mão e fazer aquilo que é o consenso mínimo, para que se encontrem outras soluções que permitam um acordo social e político alargado em torno destes temas”, avisou o secretário-geral socialista. E sobre a possibilidade levantada pelo primeiro-ministro de a TAP poder ser vendida por um euro António Costa considerou que isso “seria a cereja em cima do bolo para demonstrar a forma altamente negativa como o Governo conduziu todo este processo”.

O líder do PS recomendou a Passos Coelho que tenha a "humildade democrática de perceber que os governos têm a legitimidade para governar na sua legislatura mas as decisões que toma e que têm consequências muito para lá das suas legislaturas devem ser sustentadas em compromissos políticos muito alargados".

Primárias para legislativas? Sim, diz Costa. Presidenciais são outra conversa
Na sua intervenção no Fórum das Políticas Públicas, onde partilhou o palco com Santana Lopes para falar sobre a descentralização, António Costa deixou também a defesa da revisão da lei eleitoral, com a consagração dos círculos uninominais conjugados com um círculo nacional que ajudasse a preservar a proporcionalidade. A intenção é aumentar a proximidade entre eleitos e eleitores de forma a "reforçar a legitimação" do Parlamento.

No âmbito desta reforma legislativa, o socialista considerou que as eleições primárias, que o PS estreou, podem vir a ser um bom método para a escolha de candidatos para as autárquicas e até para as legislativas - mesmo apesar do perigo que esssa dispersão de eleitos poderia constituir na composição da Assembleia da República. Rapidamente Santana e Costa se lembraram dos casos do chamado deputado do queijo Limiano e do deputado do PIDDAC - ambos votavam o Orçamento do Estado consoante havia ou não dinheiro para obras na sua região de origem.

E para as presidenciais? Seriam as primárias um bom método para o PS escolher o seu candidato? Essa é outra conversa e António Costa não a quer fazer neste momento. "Os estatutos prevêem todos esses mecanismos e o PS, no momento próprio, há-de se pronunciar sobre as eleições presidenciais; não é este o momento", respondeu, no final, aos jornalistas.

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