Tiroteio junto a conferência anti-islão faz dois mortos no Texas

No encontro, organizado por um grupo conhecido pelas suas posições islamófobas, estavam cerca de 200 pessoas. Entre os convidados conta-se o político holandês Geert Wilders.

Wilders a discursar na conferência de Dallas
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Wilders a discursar na conferência de Dallas Mike Stone/Reuters
A polícia evacuou o centro de conferências depois do tiroteio
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A polícia evacuou o centro de conferências depois do tiroteio Mike Stone/Reuters

Um segurança foi ferido quando os dois homens dispararam perto do Curtis Culwell Center de Garland – a polícia evacuou o local e o porta-voz do departamento policial de Garland, Joe Harn, diz que ainda não é claro se os disparos estavam relacionados com a conferência, intitulada “Jihadi Watch” e cujo principal acontecimento era o Concurso de Exposição de Arte Maomé.

Uma testemunha disse à Associated Press ter ouvido 20 disparos que pareciam vir de um carro que passava perto do centro. Seguiram-se dois disparos isolados. As descrições indicam que, enquanto a polícia fazia buscas na viatura, os corpos dos atacantes, ainda por identificar, permaneciam no chão.

“Quando a Exposição de Arte Maomé no Curtis Culwell Center estava a terminar [ao final do dia, início da madrugada em Portugal], dois homens aproximaram-se da entrada no edifício num carro. Ambos estavam armados e começaram a disparar contra um segurança. A polícia de Garland respondeu e os dois foram mortos”, diz um comunicado da polícia.

A conferência foi organizada pela American Freedom Defense Initiative, o grupo que fez campanha contra a construção de um centro islâmico junto ao local das Torres Gémeas, em Nova Iorque e que tem comprado espaço publicitário em autocarros e estações de metro de várias cidades norte-americanas para criticar o islão.

Dirigido pela polémica blogger Pamela Geller, o grupo está na lista de organizações antimuçulmanas do grupo de direitos cívicos Southern Poverty Law Center. O encontro de domingo incluía um prémio de dez mil dólares (nove mil euros) para um cartoon de Maomé.

Geller, uma activista anti-islão, explicara antes da conferência que esta tinha sido marcada para Garland porque membros da sua organização tinham ouvido dizer que um grupo de muçulmanos ia organizar um evento no mesmo local, aparentemente relacionado com os ataques à redacção do jornal satírico francês, Charlie Hebdo, em Paris, no dia 7 de Janeiro. Ao longo de três dias, estes atentados na capital francesa fizeram 17 mortos.

Descrevendo o encontro como “de defesa da liberdade de expressão”, Geller afirmou que os muçulmanos se tornaram numa “classe especial” que os "americanos já não podem ofender”. “Os media estão a fazer cumprir a sharia [lei islâmica]. De acordo com a sharia não podemos criticar ou ofender o islão.”

Geert Wilders, o político de extrema-direita holandês conhecido pelos ataques ao islão, já tinha discursado e abandonado o local quando o tiroteio teve lugar. Num email enviado à AFP, Wilders diz ter ido a Dallas “falar de caricaturas, do islão e da liberdade de expressão”. “Estou chocado (…), isto é um ataque à liberdade de expressão de todos.”

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