Pelo menos 29 migrantes mortos de hipotermia

Guarda costeira italiana resgatou 105 pessoas. Mortes aconteceram já a bordo das lanchas, na viagem para a ilha de Lampedusa.

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Pelo menos 29 dos 105 resgatados durante a noite não sobreviveram ao frio Filippo Monteforte/AFP

As autoridades foram avisadas por um telefonema de um dos migrantes durante a noite de domindo para segunda-feira. A viagem para a ilha demorou cerca de 18 horas, tempo em que as pessoas resgatadas passaram no convés das lanchas.

A presidente da câmara de Lampedusa, Giusi Nicolini, avisa que o número de vítimas pode aumentar. “As ondas chegavam aos oito metros. As horríveis condições do mar não travam o tráfico de seres humanos a partir da Líbia”, escreveu a guarda costeira num comunicado.

Nicolini responsabilizou o fim da missão de busca e salvamento Mare Nostrum por estas mortes. “A Mare Nostrum era uma solução de emergência para uma crise humanitária, acabar com isso foi um enorme e intolerável recuo, afirmou, numa entrevista à Reuters.

“Os pequenos barcos de patrulha foram completamente engolidos pelas ondas na viagem de regresso. Se ainda existisse a missão Mare Nostrum, numa hora teria sido dado aos migrantes abrigo dentro de um grande navio.”

A Mare Nostrum, que recebia financiamento da União Europeia, foi abandonada pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, em parte por causa do seu elevado custo – no primeiro ano de funcionamento custou mais de 114 milhões de euros.

A 1 de Novembro de 2014, começou a funcionar a operação Triton, coordenada pelo Frontex, a agência da UE para a vigilância das suas fronteiras, ao mesmo tempo que Itália ia reduzindo a sua missão. Isto no fim de um ano recorde, com mais de 170 mil migrantes a desembarcarem na Itália.

“O fim da operação Mare Nostrum deixou todos os migrantes expostos a grandes riscos, particularmente os mais vulneráveis, como as crianças, os jovens e as mulheres”, comentou Raffaela Milano, responsável da delegação italiana da ONG Save de Children.

“Para o crime organizado não é importante se as pessoas atravessam o mar vivas ou mortas”, disse ainda Nicolini. “Agora, sem a Mare Nostrum, é como se nenhum de nós, e não só os criminosos, se importassem.”

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