Boyhood – Momentos de uma Vida

O projecto é singular e vale para além dos seus pressupostos, feito com uma doçura e uma inteligência que nunca deixam o filme esgotar-se no simples exibicionismo duma ideia (quase “teórica”)

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O projecto é singular e vale para além dos seus pressupostos, feito com uma doçura e uma inteligência que nunca deixam o filme esgotar-se no simples exibicionismo duma ideia (quase “teórica”). O que ganha Boyhood é um equilíbrio, entre a relativa convencionalidade da sua narrativa (o clássico coming of age num mundo de adultos complicados) e a importância dos outros elementos que a secundarizam: mais do que sobre “personagens”, é como se o filme fosse sobre estes actores, a envelhecerem, a mudarem lentamente, e sobre a quantidade de coisas que se altera mesmo numa escala tão curta como meros 12 anos – e a este respeito é particularmente curiosa a quantidade de palavras e referências que vão aparecendo ao longo do filme, que não tinham nenhum significado especial antes e passam a ter a partir de dada altura. É também, ou sobretudo, por isto, por esta capacidade de “encapsular” o tempo que passa e o tempo que vem, como num “documentário de 12 anos”, que Linklater arranca um filme, de facto, especial. 
 

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