Independentistas italianos seguiram a consulta catalã em directo com Veneza

“Queremos uma nova Sereníssima”, diz o líder do movimento Indipendenza Veneta.

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Separatistas de Veneza inspiram-se na consulta catalã Gabriel Bouys/AFP

“Olá, Veneza. Aqui estamos em Barcelona, onde os catalães votam tranquilamente para decidir sobre a independência da Catalunha”, dizia Morosin à porta da Escola Pia Balmes, onde o líder catalão, Artur Mas, votou no domingo. “Nós já temos a lei regional que nos permite fazer um referendo, mas o Governo diz que são precisos 14 milhões de euros para o organizar. Um disparate, quando um referendo normal custa quatro milhões”, disse ao PÚBLICO Giorgio, outro momento do movimento.

Um dos argumentos destes independentistas é o do défice fiscal, como acontece na Catalunha. “O Veneto trabalha, a Itália não. Todos os anos Roma nos fica com 20 mil milhões de euros em impostos e não dá nada em troca”, acusa Giorgio. “Queremos voltar a ser uma república”, diz, lembrando a antiga República de Veneza, a grande potência económica e política que existiu durante mais de um milénio, até à derrota imposta por Napoleão Bonaparte, em 1797.

“Neste momento temos dez mil pessoas reunidas em Veneza. Veneza tem tantas pontes, nós queremos construir uma ponte entre Veneza e a Catalunha, duas nações sem Estado”, explica Morosin, assim que acaba o directo. “Queremos uma nova Sereníssima”, afirma, em referência ao nome pelo qual era conhecida a antiga república. “Um país sem ilegalidade e sem corrupção.”

Em Março, o movimento de Morosin já ajudou a celebrar uma consulta simbólica onde foi perguntado aos habitantes se querem “que Veneto se torne uma República Soberana Federal”. Centenas de milhares participaram, online, por telefone, ou nos centros que um comité de cidadãos, o Plebescito.eu, abriu pela região.

Há sondagens que indicam que até dois terços dos quatro milhões de eleitores do Veneto apoiam uma separação do resto de Itália. Mas o Partido Independência de Veneza decidiu não integrar o comité que organizou a consulta da Primavera, preferindo esperar pelos processos na Escócia, onde o “não” à independência venceu entretanto, num referendo legal celebrado em Setembro, e na Catalunha.

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