Botelho atira-se a Eça para o "restituir"

O filme de Botelho tem esta virtude: atira-se ao romance de Eça para, na medida do possível, o “restituir” sem o desfigurar e sem se impor a ele

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O filme de João Botelho tem esta virtude, atira-se ao romance de Eça de Queiroz para, na medida do possível, o “restituir” sem o desfigurar e sem se impor a ele. Pode-se argumentar que isto implica um certo apagamento do cineasta, que já tratou a literatura com outra rugosidade, e o remete ao papel de ilustrador.

Mas essa ilustração, até pelo artifício de cartão pintado que é a sua marca, parece precisamente o jogo que se queria jogar. E é bem jogado, com panache, com actores que no geral devolvem as personagens como se imaginava que elas deviam ser e parecer, e com uma fluidez narrativa perfeitamente capaz de traduzir a dimensão trágica do romance (mesmo que seja menos hábil a dar a ironia com que o romance olhava para a sua tragédia). 

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