Reposição, para gáudio de quem nunca pôs os pés na Cinemateca, de um filme que foi na época de estreia um símbolo de modernidade e que, paradoxalmente, acabou por se transformar num paradigma do "clássico". Durante muitos anos - que se estendem aos dias de hoje - à cabeça de todas as tentativas de estabelecer um "ranking" da história do cinema, "O Mundo a Seus Pés" acabou mesmo por se tornar uma espécie de "cliché". Mas disso nem o filme, que é fabuloso, nem Orson Welles, que aqui exibia pela primeira vez o seu génio anunciado, têm culpa. Há muito dissipada a polémica que o acompanhou na estreia (as alusões ao magnata William Randolph Hearst) e digerida a sua revolucionária estrutura narrativa (a construção em sucessivos flash-backs) "O Mundo a Seus Pés" merece ser visto por aquilo que, antes de mais nada, é: um poderosíssimo filme sobre a "maldição da memória", sobre os "rosebuds" desta vida e de todos nós, e sobre aquelas coisas de que, como diz uma das personagens, "nunca pensámos que nos íamos lembrar tanto". Pequena curiosidade: quando estreou, "O Mundo a seus Pés" foi um enorme fracasso; 60 anos depois, conhece (mais uma) reposição. A moral da história tire-a quem quiser.
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