Jovens iranianos detidos por dançarem Happy, de Pharell Williams
Pressão do Presidente iraniano, Hassan Rouhani, levou à libertação. Autor da canção protestou.
Os jovens foram entretanto libertados esta quarta-feira, em grande medida devido à pressão exercida pelo Presidente iraniano, Hassan Rouhani. “A felicidade é um direito do nosso povo, não podemos proibir movimentos de alegria.”
O chefe da polícia de Teerão, Hossein Sajedinia, confirmou que seis pessoas foram detidas por estarem ligadas ao “detestável” vídeo divulgado nas redes sociais, de acordo com a agência de notícias Isna.
Os jovens foram detidos alegadamente por causa do elevado número de pessoas que viram o seu clip. O vídeo teve mais de 200 mil visualizações, com ajuda da comunicação social ocidental, que ficou fascinada com o fenómeno, num país bastante inflexível quanto às liberdades individuais, sobretudo no que às mulheres diz respeito.
“Depois do clip vulgar que fere a pureza do povo iraniano ter sido lançado na Internet, a polícia, em cooperação com as autoridades judiciais, decidiu identificar as pessoas envolvidas na gravação”, disse o chefe da polícia de Teerão.
Na interpretação que o Irão faz da lei islâmica, as mulheres devem cobrir o cabelo e usar roupas largas, a fim de preservar a sua modéstia.
Uma edição legendada do clip identifica os detidos como “actores”. Estes alegam que foram aliciados a fazer o vídeo para uma audição.
A televisão estatal iraniana transmitiu um programa, esta terça-feira, em que mostra homens e mulheres a confessarem ter participado no vídeo. Os jovens – de costas voltadas para as câmaras – afirmaram terem sido enganados e que o clip não foi feito para ser divulgado online.
“Eles prometeram não publicar o vídeo”, disse uma jovem, que advertiu ainda a juventude iraniana de que a polícia está vigilante e preparada para enfrentar aqueles que agem contra as normas sociais.
Pharell Williams, autor da canção nomeada para um Óscar este ano, já veio protestar contra o sucedido. “É mais que triste que estes jovens sejam detidos por tentarem espalhar a felicidade”, escreveu na sua página do Facebook.
Texto editado por João Manuel Rocha