Quem se manifesta no Brasil? Jovens, sem partido e estreantes em protestos

Estudo da DataFolha mostra que transportes estão no topo das razões dos manifestantes, mas motivos começam a ser mais variados.

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Rio de Janeiro Sergio Moraes/Reuters
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São Paulo Nacho Doce/Reuters
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Brasília Ueslei Marcelino/Reuters
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Belo Horizonte Pedro Vilela/Reuters
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Porto Alegre Gustavo Vara/Reuters
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Rio de Janeiro CHRISTOPHE SIMON/AFP
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Rio de Janeiro CHRISTOPHE SIMON/AFP
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Porto Alegre Gustavo Vara/Reuters

Segundo o estudo do DataFolha, citado pelo jornal Folha de São Paulo, 84% dos inquiridos não têm preferência por qualquer partido político, 71% participaram pela primeira vez num protesto e 53% têm menos de 25 anos. Os dados mostram também um maior peso de estudantes (22% entre os manifestantes, quando representam apenas 5% da população brasileira) e de pessoas com ensino superior (77% dos que protestam, quando são apenas 22% da população).

O Facebook e a Internet tiveram também um papel importante para estes manifestantes. Segundo a Folha, 81% dos inquiridos souberam da manifestação pela rede social e 85% pesquisaram informação na Internet.

Estas estão a ser consideradas as maiores manifestações no Brasil desde 1992, quando muita gente saiu à rua para protestar contra o Governo do então Presidente Fernando Collor de Mello.

Esta vaga de protestos começou a 6 de Junho, contra o aumento das tarifas nos transportes públicos, e prosseguiu nos dias seguintes, com novas mobilizações.

O estudo de opinião da DataFolha procurou também saber os motivos das manifestações. E se é verdade que os transportes concentram os principais motivos dos manifestantes – o aumento do preço do bilhete (56%), a qualidade dos transportes (27%) e o passe gratuito (14%) –, há outras questões a preocupar os brasileiros, como a corrupção (40%) e a violência policial (31%), algo a que não será alheia a actuação da polícia, a 13 de Junho, acusada de uso abusivo de força em São Paulo.

Na segunda-feira, o protesto no Rio foi o mais importante, mobilizando 100 mil pessoas, que ocuparam pacificamente o centro da cidade. Em São Paulo, saíram à rua perto de 65 mil pessoas. E houve também concentrações importantes em Brasília, Maceió, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Belém e Belo Horizonte.

Esta agitação popular coincidiu com o início da Taça das Confederações de futebol, que começou no sábado e serve de teste para o Mundial de futebol que o Brasil organiza no próximo ano (12 de Junho a 13 de Julho). A Presidente Dilma Rousseff foi mesmo vaiada na cerimónia de abertura, no sábado passado.

Embora não estejam referidos no estudo do DataFolha, os gastos nas organizações destes eventos desportivos (a que se juntarão também os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro) estão a ser referidos por alguns manifestantes, nas declarações às agências internacionais.

“Durante muitos anos, o Governo alimentou a corrupção. As pessoas estão a manifestar-se contra o sistema”, disse à Reuters Graciela Caçador, uma vendedora de 28 anos, que esteve na manifestação de São Paulo: “Gastaram milhões de dólares em estádios e nada na educação e na saúde.”

Segundo números do último relatório da organização, citados pela Folha de São Paulo, os custos do Mundial 2014 já ultrapassaram os 26.500 reais (9200 milhões de euros) e estima-se que possam atingir os 33 mil milhões (11.500 milhões de euros). O valor previsto inicialmente era de 23.800 reais (8300 milhões), sendo que o Estado brasileiro (governos federal, estaduais e municipais) assegura 85% do financiamento.

A maior fatia será gasta na mobilidade urbana (3000 milhões de euros), logo seguida pelos estádios (2500 milhões de euros) e aeroportos (2400 milhões). Outras parcelas com algum significado são a segurança (630 milhões de euros), os portos (240 milhões), as telecomunicações (130 milhões) e o turismo (74 milhões de euros).

Os custos com os 12 estádios que vão receber o Mundial 2014 derraparam, passando de 1900 milhões para 2500 milhões de euros.
 
 

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